Título: Na lista de empregados, nem todos trabalham
Autor: Jardim, Idelina; Máiran, Paula
Fonte: Jornal do Brasil, 07/09/2008, Tema do Dia, p. A2

O rol de nomes de pessoas con- tratadas pelo Intesp que, supostamente, trabalhavam na prefeitura de Trajano de Moraes em junho deste ano, se tornou peça de investigação no Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Há motivos de sobra para a suspeita de irregularidades nas contratações. Diretor de escola no município, Luiz Otávio de Almeida Lemgrub, pós-graduado em História do Brasil e Gestão Escolar, consta na lista do Intesp como auxiliar de serviços gerais, com salário de R$ 415,00. Ao Jornal do Brasil, ele negou qualquer ligação com a Oscip. mas o Instituto comprovou, por meio da apresentação de boleto bancário do mês de abril, o pagamento ao professor de R$ 381,00, por meio de depósito no Itaú. ­ Já ouvi falar que o meu nome constava nessa listagem. Mas nunca fui empregado dessa entidade. Devo entrar com processo de danos morais porque não faria sentido essa função para mim e estou sendo ridicularizado. Sou diretor da escola ­ disse o professor, que apresentou à reportagem uma carteira de trabalho sem carimbo de contratação pelo Intesp, mas assinado pela prefeitura da cidade em 4 de maio de 1992, sem registro de demissão.

Diretor auxiliar

Outro nome da lista do Intesp em Trajano, Amanda Elias de Moraes trabalha em horário comercial em um magazine da cidade, mas consta na Oscip como auxiliar de serviços gerais. Ela também negou vínculo com o Instituto, mas comprovou o pagamento do salário. No Hospital Francisco Limonge, em Trajano, a maioria dos funcionários é paga pelo Intesp. Charles Souza Lima, técnico de radiologia, já trabalhava na entidade desde 2005, mas a sua carteira passou ser assinada neste ano pelo Intesp, por prazo de experiência de 90 dias: ­ Estou na Justiça para receber pelos três meses sem salário do tempo em que era pago por outro instituto, o Sorrindo para a Vida. No mesmo hospital trabalha o médico Wallace Rodrigues de Souza, que também atua em posto do Programa Saúde da Família, por R$ 8.550,00 mensais, para trabalhar, segundo moradores, uma ou duas vezes por semana, pelas manhãs. Ele não foi encontrado no posto. Provocada pelo JB, a prefeitura instaurou na sexta-feira o processo administrativo nº 2008.001.001.66, para apurar indícios de irregularidades nas contratações pelo Intesp.