Título: Crivella quer esquerda no 2º turno
Autor: Thurler, Fernanda
Fonte: Jornal do Brasil, 10/09/2008, Eleições Municipais, p. A7

Candidato do PRB diz que conta com o apoio do PCdoB, PT e PDT, mas adversários negam.

Convicto de que vai disputar o segundo turno, Marcelo Crivella afirmou ontem que o PRB já começou a fazer alianças para vencer a segunda parte do pleito. O candidato disse que espera contar com o apoio da adversária Jandira Feghali (PCdoB) e de outros partidos ligados a movimentos sociais como PT, PSB e PDT. Crivella lembrou que nas eleições municipais em São Paulo e em Minas Gerais as alianças já existem. Na capital paulista, PRB, PT e PCdoB fazem parte da mesma coligação e na mineira seu partido tem o vice da candidata Jô Moraes (PCdoB).

¿ No início do ano, eu tive um almoço com a Jandira em que ficou acertado um acordo de não agressão e de respeito mútuo. Deixamos aí um princípio de conversa de que quem fosse para o segundo turno o outro o apoiaria. Precisamos sinalizar esses acertos ¿ revelou o senador.

Jandira Feghali, no entanto, confiante de que também passará ao segundo turno negou qualquer acordo com Crivella.

¿ Não posso confirmar apoio prévio a nenhum candidato porque eu vou disputar segundo turno ¿ respondeu, confiante. ¿ Eu é que conto com o apoio dele.

O candidato do PT, Alessandro Molon, disse que a atitude de Crivella é típica de quem está inseguro.

¿ Ele quer fazer previsão como quem tem bola de cristal ¿ criticou Molon. ¿ Não tem ninguém garantido no segundo turno.

Contrariado com a declaração de Crivella, o candidato Paulo Ramos garantiu que o PDT não fechou nenhuma aliança para o segundo turno:

¿ Qualquer especulação representa um acinte descabido. É uma precipitação, uma desonestidade. Eu sou candidato, e o partido acredita na minha candidatura.

Mudanças

Crivella contou ainda que passou a segunda-feira reunido com a equipe de campanha para traçar novas estratégias a três semanas do dia da eleição. Foram avaliados o atual trabalho, as últimas pequisas e os programais eleitorais de rádio e televisão.

¿ As visitas aos bairros da Zona Oeste e do subúrbio serão intensificadas, porque são os locais com carência de recursos públicos. Discutimos ainda propostas de governo diferentes dos demais candidatos e estudamos alternativas para conquistar os eleitores indecisos e diminuir minha rejeição ¿ adiantou o candidato.

Mesmo com a mudança no rumo da campanha, Crivella não admitiu que a causa seja o crescimento do adversário peemedebista, Eduardo Paes.

¿ Acredito mais na queda dos outros candidatos do que no crescimento do Paes ¿ disparou. ¿ As pesquisas espontâneas me apontam com 15% e os meus adversários não passam de 5%. Eu estou há 8 meses em primeiro lugar. Isso sem fundo partidário e sem tempo de televisão.

Durante a entrevista à Rádio Mundial, no Centro, Crivella, mais uma vez, citou o bom relacionamento com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas, desta vez, ele foi mais longe e se disse o responsável pelos atuais investimentos do governo federal no Rio. Segundo Crivella, quando o governador Sérgio Cabral era senador não votava com a base de governo.

¿ Eu trouxe o Programa de Aceleração do Crescimento, as refinarias e a Rodovia do Contorno. Isso só aconteceu porque fui o elo de ligação entre o presidente Lula e o governador Sérgio Cabral ¿ gabou-se o candidato, lembrando que nas eleições de 2006 o presidente Lula pedira seu apoio no Rio.

À tarde, o candidato fez campanha em Vargem Grande, bairro da Zona Oeste.