Título: Em Brasília, ex-ministros se dizem contra alta
Autor: Loureiro, Ubirajara
Fonte: Jornal do Brasil, 10/09/2008, Economia, p. A21

Um dia antes de o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciar qual será a nova taxa Selic, ganharam força em Brasília clamores para que o juro básico da economia não suba mais, como aposta o mercado. Atualmente, a taxa é de 13% ao ano.

Os ex-ministros da Fazenda Rubens Ricupero e Ciro Gomes foram enfáticos ao afirmarem que nova elevação dos juros atingiria negativamente o mercado interno, que tem sustentado a evolução produtiva do Brasil e garantido blindagem frente às turbulências internacionais.

As declarações foram dadas durante comemorações dos 200 anos do Ministério da Fazenda.

¿ Não seria justificado um novo aumento dos juros", disse Ricupero. A taxa Selic, que permaneceu no patamar de 11,25% ao ano durante cinco meses, até março, subiu gradativamente, chegando ao atual nível de 13%. Há estimativas de que o BC eleve a Selic em 0,5 ou 0,75 ponto percentual.

¿ O mercado inteiro diz que o juro vai subir, mas quero ser surpreendido, sabendo que não vão aumentar uma só fração", reforçou Ciro Gomes.

Declaração em vídeo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (que não participou do evento), encaixou-se no debate: "Ninguém gosta de aumentar juros, mas, às vezes, é preciso, para conter a inflação", disse Fernando Henrique, ministro da Fazenda no governo Itamar Franco.

Para Ricupero, os sinais de desaceleração da economia mundial vão pressionar os preços das commodities para baixo, acabando com a tendência de "importação" da inflação. Para ele, as dúvidas que existem são sobre a inflação do setor de serviços. "Mas se essa é a dúvida do BC, o melhor é dar uma pausa agora e não agravar ainda mais com um novo aumento de juros", disse.