Título: A prefeitura é o braço social contra violência
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Fonte: Jornal do Brasil, 07/09/2008, Eleições Municipais, p. A30

ENTREVISTA - CHICO ALENCAR

Chico chama Paes de camaleão, diz que Crivella não tem estofo e ataca estratégia de Jandira

Bolsa à tiracolo, andar vagaroso, Chico Alencar chegou ao JB dis tribuindo sorrisos e pedindo desculpas pelo atraso de 50 minutos. "Sabe como é, a garotada não me deixou sair", comentou ele, que vinha de um debate no Colégio São Vicente, onde o candidato deu vazão ao lado professor que exerceu anos a fio antes de entrar para a política. Oitavo nome a ser sabatinado pelo jornal, o candidato a prefeito pelo PSOL parou, olhou as fotos expostas na Casa Brasil, analisou os momentos históricos registrados e só depois de um pouco de conversa jogada fora, sentou-se à mesa. Em duas horas de conversa com os jornalistas Tales Faria, Marcelo Ambrósio, José Aparecido Miguel, André Balocco, Rodrigo de Almeida e Fred Raposo, lembrou seus tempos de militância petista, culpou os desvios de conduta do antigo partido pela apatia da população e deixou a modéstia de lado: "Quero fazer o PT sentir saudades do PT pré-delubiano".

Como está a recepção do elei- tor à sua candidatura?

­ Estamossentindoumaapatiagran- de, mas tenho a percepção de que já há um interesse, ainda que pequeno. Na rua, no Centro, de cada 10 pessoas que passam, três ou quatro se interessam. Como disse o JB, numa belíssima foto, nas escadarias do Municipal, semana passada: "Chico faz campanha à moda antiga". Mas a gente vai insistir porque adoro essa moda antiga. Na minha formação, o nosso jornal era o JB. Me lembro do jornal de 1973 sobre o golpe no Chile. A capa era só texto, texto, texto, e a gente ávido, sofrendo. O JB tem essa marca. Torço muito pelo jornal. E acho que o que ficou mais visível nisso, até agora, é a cobertura das eleições.

O senhor acha que existe uma polarização na mídia entre Paes e Crivella? ­

Sim e essa polarização está sendo muito estimulada por pesquisas, que têm universo pequeno. Para 4,5 milhões você ouvir 700, 800, 900 pessoas, é um universo pequeno, com margem de erro grande.

Por que estimulam essa po- larização?

­ Porque um parece que cimentou socialmente seu teto eleitoral. Não há providência que dê jeito. E o outro é uma candidatura do sistema. O Paes é adaptado ao poder. A sua história política me autoriza a dizer isso. Ele começou com o Cesar Maia, cresceu com o Cesar. Me lembro do Paes como administrador. Depois deu uma passadinha no PTB, PFL, DEM, PSDB, lá em Brasília. Ele fazia os discursos mais contundentes contra o Lula. Muito crítico à corrupção, à incompetência do governo. Era secretário-geral nacional do PSDB. Foi nessa condição que migrou para o PMDB do seu ex-adversário em 2006, a quem combatia fortemente, o Cabral. Então ele é uma figura jovial, faz aquele perfil de jovem político, dinâmico. Mas sem trajetória de consistência doutrinária, ideológica e política. Então tem, nesse sentido, chance para derrotar, eventualmente, o Crivella. Acho que há um interesse difuso aí, é claro que nenhum órgão de imprensa vai assumir. Tem abuso do poder econômico, da máquina administrativa. A Solange também...

O senhor está dizendo que há caixa dois nas campanhas? ­

É uma tradição. O Eduardo pri- meiro só apresentou os números no TRE, não especificou nem os doadores. Eles têm uma máquina, coisa sofisticada. Os cabos eleitorais distribuem prospectos acetinados, em uniforme de camisa pólo, calça jeans, sapato esporte. São cleans, não têm perfil do cabo eleitoral de origem humilde. São empresas. Então tem o nome, número, cara jovial e tal, essa parceria com o Estado. Está dentro do universo que chamo de lulo-dependentes: Molon, Jandira, Crivella e ele, sempre de maneira anti-republicana, propagando que, eleito, vai ter uma reação fantástica com o presidente. Como se eu, por exemplo, não pudesse ter, ainda mais conhecendo tanto o Lula, que é um pragmático. Quero, como prefeito, fazer o PT sentir saudade do PT pré-delubiano.

Esse desinteresse pela campanha foi causado pela frustração com o PT no poder? ­

O governo Lula embaralhou as cartas políticas no Brasil de maneira grave. O Maluf disse recentemente que, pelo o que o PT gosta de banqueiro, se sentia um comunista. E as alianças políticas? Quem é o líder do governo no Senado? Romero Jucá. O Lula diz que o Severino Cavalcanti é uma vítima das elites paulistas. O Jáder Barbalho é o homem que dá as cartas nos cargos do governo. Isso tudo tem um preço na esquerda, que leva à desmobilização e ao desencanto, inclusive na parte mais informada.

Lula é o político mais disputado como cabo eleitoral. Onde está o descompasso entre a política do governo e a esperança? ­

Hoje posso dizer que o lulismo é muito mais forte do que o petismo. O PT vive um processo de peemedebização. É um partido amplo, que incorpora desde o Jorge Babu até figuras generosas que têm uma utopia, uma dimensão política. O Lula era uma figura emblemática, um Silva, como os brasileiros, e um ex-pobre que tem como poucos essa sensibilidade da percepção popular. Muitas vezes parlamentares do PT me pedem para ir à tribuna e atacar certas posições em que o governo está cedendo. E a gente (o PSOL) fazendo esforço para não se confundir com a oposição de direita.

A candidatura Gabeira, decan- tada como grande fenômeno da eleição, não pegou. Teme que o mesmo ocorra com a sua? ­

Não. A gente espera ter vida longa. É a primeira eleição municipal que o PSOL disputa. Naturalmente ninguém tem a ilusão de que vai fazer muitos prefeitos, vereadores. Agora, continuo com a convicção profunda de que é muito importante existir o PSOL, pequeno partido contra a velha política no cenário nacional. O PSOL quer se constituir com fisionomia própria, não é contraponto do PT. Há importância de estar na institucionalidade política, mas também nos movimentos sociais. Ter muito cuidado com as alianças que podem desfigurá-lo e corrompê-lo. E não ter tolerância com certas posturas que vão adquirindo normalidade na política.

Qual sua estratégia para se di- ferenciar dos demais candidatos? Os ataques a Jandira não têm sido à toa... ­

A trajetória do PCdoB é de um oficialismo permanente, e agora se vê que, além disso, tem o hegemonismo. A Jandira não vai a debates e manda representante. Uma postura até arrogante. O discurso nacionalista do PCdoB caiu na bacia das almas, ou melhor, nas bacias sedimentárias, eles não questionam os leilões dessas bacias. O prefeito do Rio não pode ser, como muitos dizem, só um síndico, um xerife, uma dona de casa. Ele tem que ser isso e, sobretudo, uma liderança política. Essas tentativas da Jandira revelam a arrogância, uma pretensão descabida de se colocar como única candidata da esquerda, o voto útil da esquerda. E pior, bate na porta errada porque devia procurar seus aliados. A Jandira fez pacto de não-agressão com o Crivella.

E o não crescimento da can- didatura Gabeira?

­ Não arriscaria dizer que não cres- ceu. As pesquisas de referência, as melhores nesse cenário, são as espontâneas, que dizem que apenas 20% escolheram candidato a prefeito. A vereador, só 5%.

Segurança é com o prefeito?

­ Sem dúvida. O prefeito do Rio tem autoridade política para falar até da paz mundial. Mas eu sou do Rio, quando eu nasci, aqui estavam as maiores lideranças políticas nacionais. É verdade que ainda era capital, mas o Rio tinha essa vocação cosmopolita, metropolitana. Se essas questões nacionais e mundiais são também do prefeito do Rio, que dirá do nosso cotidiano de segurança pública. Por uma razão básica, a violência é grave o suficiente para se julgar que pode ser resolvida apenas pelas polícias, que de resto precisam de reforma profunda, reestruturação, atualização, combate à corrupção. As nossas polícias precisam ser reformadas radicalmente. Mas eu, como prefeito, não quero polícia, quero ponderar e questionar a atuação das polícias. Porque o que a gente tem nas favelas, de maneira crescente, despótica, triste, é o poder do varejo de drogas e a meninada armada. Quando a juventude perde o medo da morte, é porque perdeu a dimensão da vida. E aí entra a prefeitura, a creche, a educação infantil, a educação pública de qualidade, as ofertas culturais, o amparo, o apoio. A prefeitura é o braço social da política de segurança, contra a violência.

A Guarda Municipal entra nes- se contexto? ­

A Guarda Municipal entra na sua atribuição, que não é de polícia. É a guarda da mobilidade humana, do trânsito, dos espaços públicos, para ordenar o comércio ambulante. A Guarda não é para sair correndo atrás de camelô, nem de bandido. Ela pode e deve agir como Guarda da cidadania, da orientação da cidade, do zelo pela urbanidade. A GM vai para a rua e não sabe quem da polícia está lá, que patrulha está, como funciona. É uma desintegração absoluta.

Armada ou desarmada? ­

Sem armas letais, de fogo. É com- plicado ter 5.800 pessoas a mais armadas se tenho convicção de que não vai diminuir a violência. Pelo contrário, pode até aumentar. A PM volta meia usa muito mal as armas de fogo, e é uma instituição centenária. Acho que o guarda deve estar provido de algum elemento de proteção contra tumultos urbanos. Bogotá (na Colômbia) começou a ter uma inflexão na sua situação crítica combatendo desigualdades e fazendo reforma nas polícias, mas com um prefeito filósofo, que estimulou a cultura cidadã, a transparência com o dinheiro público, e o chamamento a cada cidadão a se organizar e participar da vida da cidade. Esse reencantamento da população com seu governo é fundamental.

De acordo com as últimas pes- quisas, há risco de a esquerda ficar fora do 2º turno. O PSOL se aliaria a Jandira antes? ­

Não. Temos a nossa chapa de vereadores, a coligação com o PSTU, a gente vive cada dia na maior intensidade, põe tudo que a gente é no mínimo que faz. Não vemos os outros candidatos na rua. Quem foge de debates e se reivindica do campo de esquerda, está mostrando que não é tanto assim. No segundo turno é outra história.

O que dá para falar do seu pro- grama de governo em 57s? ­

Pouco. Dá para falar que a edu- cação é prioridade, duas ou três falas e, por favor, se estiver na internet, vá à página da campanha. Senão, nos encontramos no Largo da Carioca, no calçadão de Bangu, na Praça Mauá, no Ponto Chique, no Mercadão de Madureira... O contraponto desse pouco tempo de TV, que é o preço que a gente paga com serenidade, não com alegria, é a independência política. Os outros não podem falar porque todos, de alguma maneira, estão ligados às máquinas municipal, estadual, federal ou Universal.

O senhor que dizer que não é o candidato das máquinas? ­

Olha, não tenho arrogância de achar que sou o único mas, seguramente, não sou de máquina nenhuma.

Sente falta da estrutura do PT? ­

Sinto falta de tempo de TV, rádio. O preço que se paga para esse tempo de TV e rádio do PT é dramático, triste. O financiamento privado de campanha é a porta da corrupção política e degeneração partidária.

Por que não se parte para o financiamento público? ­

Em 2003, ainda no PT, a gente tentou. A base de sustentação do Lula, todos ­ à exceção do PT e do PCdoB ­ ou seja, PMDB, PTB, PR (o antigo PL), o PRB, foi contra, porque fazem política deste modo. O PT está se desfigurando.

Caso Paes vá ao 2º turno com o senhor, existe a possibilidade dele buscar o apoio do PT. Ele deve ser cobrado? ­

Não. Vamos disputar a militância sincera do PT. A gente vai apresentar um programa. Outra grande vantagem do segundo turno é que são 10 minutos para cada um. Se o Crivella estiver lá, disputando comigo, vou cobrar a sua história social e política no Rio, que é nenhuma. Suspeito que é por isso que fugiu do debate comigo no (teatro) Casa Grande. Ia perguntar se ele veio no debate sobre anistia, sobre a liberdade democrática. Se veio naquele show do Chico com o MPB4, em plena censura. Ele não tem trajetória, não tem estofo para ser prefeito do Rio. Acho até que dificilmente será. O Eduardo Paes, vou questionar a sua trajetória errática do pula-pula sempre a serviço do poder. Isso é ruim para a política. A Jandira também, as críticas que fiz aqui ao PCdoB, vou levantar também. É uma postura muito arrogante dela. É pretensioso começar a clamar pelo voto útil dizendo que é o pólo de esquerda viável. Um pouquinho de humildade não faz mal a ninguém.

E da Solange? ­

Tudo que foi absolutamente in- suficiente no governo que ela representa. A política do Cesar Maia de transferência de recursos públicos para a iniciativa privada.

Fale desta transferência... ­

Estacionamentos subterrâneos que a prefeitura constrói, o Engenhão, o que pode acontecer com a Cidade da Música... é uma questão de concepção. O Cesar acha que a prefeitura pode investir em algumas áreas, mas jamais gerir. Por que eu não vou à Liesa, embora ache um espetáculo fantástico, maravilhoso? Porque é normal e democrático que elas tenham a sua liga e organização, mas o Carnaval em si, na Sapucaí, ser monopolizado por uma empresa, tem que ter licitação. Desconfio que a prefeitura esteja perdendo dinheiro lá.

O senhor comentou a pouca experiência de alguns candidatos, mas sua vida pública é de legislador. Teme ser cobrado pela falta de experiência? ­

Isso faz diferença para melhor. Eu nunca fui prefeito, secretário ou ministro, mas tenho vida pública dos movimentos sociais. Eu nunca fui um deputado ou um vereador de intermediação de interesses. Fui professor concursado por mais de 20 anos da rede municipal. Então, conheço a máquina pública. Por que pode ser vantagem? Porque você chega lá sem vício. Aliás esse argumento, e falo isso com postura crítica, caiu em desuso com o Lula, que nunca teve experiência. É um argumento conservador.

Quais são suas propostas? ­

Queremos fazer um governo nos eixos gerais, para depois entrar nas propostas técnicas: transparente, estimulando conceitos populares, comunitários, nos bairros, a partir das regiões administrativas, que são 33, com prioridade clara para educação e saúde. Vamos trabalhar nisso. Segundo, chamar cada escola, que são 1.061, a elaborar o seu projeto político-pedagógico dialogando com a comunidade. Hoje fica uma unidade isolada, o professor muitas vezes finge que ensina, porque não é valorizado, e o aluno, ainda mais com a aprovação automática, finge que aprende. Isto é uma tragédia. Cada escola com seu projeto político pedagógico. Reduzir o número de alunos por sala de aula. Ninguém educa com 45, 42 alunos em sala. Tem que reduzir para 30, da quinta à oitava série. Da primeira à quarta, no máximo 25. Tem que ter educação infantil e creche, cuja cobertura é ridícula. Tem que se investir nisso.

A escola tem que ser um centro de apoio para as comunidades sete dias por semana? ­

Organizadamente. Quem disser que vai fazer o horário integral em todas as escolas logo no primeiro ano, ou mesmo ao longo dos quatro anos, está correndo o risco de iludir, de mentir. Eu vivi essa experiência dos Cieps, porque eu era do programa, mas da parte didática de história e geografia. A gente percebia que, para os menores, da 1ª à 4ª série, tudo bem ficar o dia inteiro na escola. A partir da 5ª série já era complicado, porque tem muitas demandas que seu próprio crescimento cognitivo, psicológico, impede. A criança tem de ficar na escola, de manhã ou à tarde e depois, em horário inverso, ter aulas de reforço, de atividades físicas e esportivas nos clubes da região.

Por que o senhor se considera capaz de concretizar os projetos e não os outros candidatos? ­

Em primeiro lugar, pela minha história, pela minha vinculação, pela própria educação, que é o meu ofício. Eu estou parlamentar, estou candidato a prefeito, mas sou, em essência, educador. Seria impensável o governo do Chico e da vice Vera, que também é professora, que não desse essa prioridade. É o meu compromisso de vida, a minha paixão, e vai ser mesmo a minha prioridade. Já dei aula durante 14 anos, de 74 a 88. E sei como os alunos dessas escolas precisam de mais amparo, de proteção de quem pode protegê-los, que é o poder público. A Igreja, por exemplo, não é só para orar. Elas podem ter um espacinho bom.

Algum concursado daria aula no Alemão, por exemplo? ­

Vejoquetodaaviolênciacrescente ­ esse armamentismo é uma coisa dos últimos anos ­ não obstaculiza o funcionamento da escola pública. Até porque sabem que aquilo interessa à comunidade. Eles têm um respeito àquilo que é para beneficiar a comunidade e, de alguma maneira, dependem disso para ficar ali. Então o problema não é esse. Tem que estabelecer políticas integradas, inclusive para proteção de escolas e postos de saúde também.

E a saúde? ­

Temo que essa discussão que está mais visível aí, de olimpíadas de UPAs, quem faz mais UPAs, é muito rasa e aquém das necessidades do Rio. As Upas estão para a saúde assim como a lona cultural está para uma política cultural. Têm importância, atende demanda, mas virou moeda de troca eleitoral.

Os dados da saúde, assim como o orçamento municipal, deveriam estar na internet para se acompanhar a administração? ­

Isso é decisivo, básico, a trans- parência na administração. Na área de saúde a corrupção é mais grave porque atinge vidas humanas diretamente. Acho que dá para fazer uma política sempre em parceria com os governos estadual e federal. Muitas vezes vi o Cesar Maia reclamando: "Ah, mas os hospitais municipais atendem muitas pessoas da Baixada, de São Gonçalo". Ora, o Rio não pode ser pensado, no seu funcionamento, sem a Baixada. Tanta gente que mora lá e trabalha aqui. Os serviços da cidade são para todos que deles necessitarem. Outra balela: postos de saúde 24 horas. E mais, quando a gente fala de saúde, a gente fala da falta de saúde, de doença. E aí entra a educação como elemento estruturante para uma vida saudável. E não podemos fazer só o dia D contra a dengue. Tem que ser dia de A a Z, permanentemente.

E as alianças...

­ Comigo não. Vamos estabelecer o seguinte: o primeiro ano de governo é de diagnóstico, aferição dos recursos, auditorias e fixação de metas. Vou governar com metas a serem aferidas. Vamos fazer essa radiografia. A secretaria de Educação, no Estado, é muito disputada. O Picciani (Jorge, presidente da Assembléia Legislativa) tem interesse por essa secretaria.

De onde vem esse interesse? ­

Não sei. Quem é do PMDB, o Eduardo Paes, pode te explicar. Suponho que a secretaria de Educação tem muitos recursos e, na intermediação de interesses, os políticos se interessam por ela mais do que pela pedagogia. Tudo isso tem que se levantar.

Se sente na missão de mexer no inconsciente das pessoas? ­

Também, mas não exclusiva- mente. A missão principalmente é apresentar uma proposta de mudança profunda para o Rio desde já. Vamos ser o governo que somos na campanha, em todos os sentidos. Somos o único partido que fez panfletinho com a chapa completa de vereadores. Os outros não fazem mais isso. Essa é uma velha tradição da esquerda. A nominata, o voto na legenda. A gente fez questão de resgatar isso. Fazemos campanhas coletivas. Eu não distribuo... não tenho vereador preferencial, não ando com nenhum debaixo do braço. Sem uma dimensão utópica, idealista, a política se corrompe.