Título: País cresce no próximo ano, apesar da crise internacional
Autor: Freitas Jr., Osmar ; Rosa, Leda
Fonte: Jornal do Brasil, 07/09/2008, Economia, p. E4

O entusiasmo dos analistas novaiorquinos é compartilhado pelos colegas brasileiros. Segundo eles, em 2009, o Brasil continua crescendo, mesmo com a crise dos Estados Unidos, União Européia e Japão. O mercado interno deve sofrer leve desaceleração por causa da taxa Selic, que ainda se mantém alta no próximo ano, mas o ritmo da elevação é menor do que aquele apontado como provável no fechamento do ano passado. ­ Acreditamos que o Brasil cresça 3,4% em 2009, contra os 4,6% com os quais devemos fechar este ano ­ diz Fernando Sampaio, economista e sócio-diretor da LCA. Segundo ele, a redução da incerteza do mercado em relação à persistência do crescimento é o principal fator que mobilizará os investimentos ao longo do próximo ano, sem possibilidades de recessão. ­ Durante nossos 20 anos de vôo de galinha, estávamos presos em um dilema: por que a economia não cresce? Porque não se investe. Por que não se investe? Porque a economia não cresce. Renovar este ciclo vicioso, dado pelas contas externas muito fragilizadas, era vital. O reforço destas contas dá confiança de que o crescimento terá continuidade, pode ser um pouco mais forte um ano, um pouco mais fraco em outro, mas é muito difícil de se imaginar que daqui a dois, três meses estaremos em recessão ­ diz o especialista.

Desaceleração

Para os analistas, a taxa Selic deve variar entre 14,5% e 14,7% em 2008. Segundo eles, os sinais da desaceleração da economia devem ficar mais claros a partir de janeiro de 2009, favorecendo a queda suave da taxa Selic e do IPCA. ­ Estimamos que o Copom se sinta mais confortável em 2009 para trazer a Selic a um patamar de 12,75% com o IPCA em 5% ­ diz Sérgio Valle, da MB Associados. Para Fernando Sampaio, da LCA, a Selic chegará a 13% e a inflação em 4,6% no período. Já Fábio Silveira, da RC Consultores, acredita que a taxa Selic alcançará 12,5% em 2009.