Título: Jobim depõe quarta-feira na CPI das Escutas
Autor: Correia, Karla
Fonte: Jornal do Brasil, 08/09/2008, Tema do Dia, p. A2

A CPI das Escutas Telefônicas da Câmara vai ouvir na quarta-feira o depoimento do ministro Nelson Jobim (Defesa), convocado para explicar a compra, realizada em conjunto pela Abin e o Exército, de maletas que poderiam realizar escutas telefônicas. A comissão marcou o depoimento depois de aprovar a convocação do ministro na sessão da última quarta-feira.

Na quinta-feira, Jobim disse que vai apresentar à CPI a lista de equipamentos adquiridos pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) para uso da Abin. Ele afirmou que sua única participação no episódio foi informar ao presidente Lula a lista de equipamentos comprados pela agência.

¿ Não tenho nada a dizer sobre grampos. A minha única participação nesse episódio foi entregar ao presidente da República a relação dos aparelhos que foram adquiridos pela Abin ¿ disse.

Segundo o ministro, há equipamentos que incluem varredura e outros capazes de fazer escuta ambiental. A Abin, por lei, é proibida de fazer interceptações telefônicas.

Jobim acrescentou que são "hipóteses" e "suspeições" as informações sobre quem teve o telefone grampeado e quem coordenou a interceptação da conversa telefônica entre o presidente do STF, Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).

Fonte seria Abin

Reportagem da revista Veja reproduz uma conversa telefônica do presidente do STF com o senador da oposição em 15 de julho. Ambos confirmaram o diálogo. A revista diz ter obtido a transcrição da conversa das mãos de um agente da Abin, que, por lei, não pode realizar interceptações telefônicas. E atribui o grampo a agentes secretos em associação a investigadores da Polícia Federal. A PF nega ter feito escuta sem autorização judicial, mas abriu inquérito para apurar o caso.

De acordo com a Veja, além de Mendes, foram monitoradas ilegalmente outras autoridades. A revista cita o ministro do STF Marco Aurélio Melo, o chefe-de-gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil) e José Múcio (Relações Institucionais) e o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), entre outros.

Após a denúncia, o presidente Lula determinou o afastamento temporário de toda a cúpula da Abin. O afastamento será por tempo indeterminado, ou seja, até a conclusão das investigações da Polícia Federal. (Folhapress).