Título: Bovespa contraria movimento internacional e despenca 2,35%
Autor: Monteiro, Viviane
Fonte: Jornal do Brasil, 09/09/2008, Economia, p. A17

Durou poucas horas o efeito da pacote americano anunciado ontem, que não impediu a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) de emendar o seu sétimo pregão de perdas em 10 dias úteis. As principais ações negociadas registraram quedas acentuadas ontem, com uma nova rodada de desvalorização das commodities. O Ibovespa, "termômetro" dos negócios da Bolsa paulista, caiu 2,35% e atingiu os 50.717 pontos, seu menor nível desde 21 de agosto de 2007. O giro foi de R$ 5,14 bilhões.

A ação preferencial da Vale do Rio Doce despencou 3,46%; a de mesmo tipo da Petrobras sofreu queda de 5,02%; no grupo das siderúrgicas, a ação ordinária da CSN cedeu 3,78%. A derrocada também se estendeu os ADRs das empresas brasileiras (American Depositary Receipts), certificados de depósito de empresa estrangeira negociado nos EUA): o da Vale amargou baixa de 2,93% e o da Petrobras, 3,61%.

Na Europa, as principais bolsas de valores fecharam com fortes altas: em Londres, o índice FTSE valorizou 3,73%; enquanto em Frankfurt, o Dax teve avanço de 2,22%. Em Nova York, a Bolsa local ascendeu 2,59%.

Analistas manifestaram surpresa com a falta de reação da Bolsa brasileira, o que confirma a percepção de que falta compradores no mercado, principalmente com a saída dos estrangeiros nos últimos meses.

¿ Não vejo capital externo entrando na Bolsa para permitir uma retomada. Entrou algum dinheiro no início desse mês, mas no restante foi somente saída. Você veja o acumulado no ano: são mais de R$ 16 bilhões de saldo negativo ¿ comenta José Carlos Oliveira, operador da corretora Senso.

E o pacote do governo americano foi recebido com algumas ressalvas pelo mercado financeiro.

¿ Mais uma vez, o governo americano sinalizou que não vai deixar o sistema bancário deles quebrar. Essa foi a sinalização boa. Ao mesmo tempo, também ficou claro que o segmento de crédito ainda está frágil. Quer dizer, deixou no ar a questão de qual será o próximo grande problema que vai surgir lá na frente ¿ diz Ivanor Torres, analista da corretora gaúcha Geral. (Folhapress)