Título: Socorro a gigantes divide imprensa mundial
Autor: Monteiro, Viviane
Fonte: Jornal do Brasil, 09/09/2008, Economia, p. A17

Victor Barros

A decisão do governo dos Estados Unidos de assumir o controle da Fannie Mae e da Freddie Mac, gigantes de hipoteca, suscitou opiniões diversas pelo mundo. Para o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss Kahn, a intervenção do governo americano nas agências hipotecárias ajudará a sustentar os mercados.

Além da habitação, o governo americano deve intervir ainda em outros setores, de acordo com o The Wall Street Journal.

Entre as medidas estão regulamentar o setor de cartões de crédito, dobrar os empréstimos ao setor automobilístico para US$ 50 bilhões, e regulamentar as emissões de gases causadores do efeito estufa Já o diário britânico Financial Times disse ontem que a medida reacendeu o apetite dos mercados financeiros do mundo inteiro por investimentos de risco. Já a Newsweek acha que a decisão não será suficiente para estabilizar o mercado imobiliário, devido ao excesso de casas à venda, às execuções hipotecárias crescentes, ao aumento da taxa de desemprego e à falta de confiança dos consumidores.

O The New York Times, por sua vez, criticou a Fannie Mae e a Freddie Mac por quererem servir a dois mestres ao mesmo tempo (os investidores e o governo) e não satisfazerem nenhum deles.

Em entrevista ao Financial Times, Kathleen Shanley, analista da Gimme Credit, explicou que as ações já existentes terão prejuízos em relação aos novos papéis a serem emitidos pelo governo.

Mark Zandi, economista do site Economy.com da consultoria Moody disse à Newsweek que as taxas de hipotecas de 30 anos, atualmente de 6,35% em média, podem cair para 5,5%. Para ele, os investidores terão mais vontade de comprar títulos emitidos pela Fannie e Freddie (e a taxas mais baixas) uma vez que o governo assumiu as empresas.

Strauss Kahn, diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional acredita que a intervenção anunciada pelo secretário do Tesouro americano Henry Paulson é decisiva para remediar a difícil situação financeira da Fannie Mae e da Freddie Mac, instituições centrais nos mercados de hipotecas e da habitação e que, juntas, têm os títulos da metade de toda a dívida hipotecária nos EUA, superando US$ 11 trilhões.

O chefe do FMI destaca um aspecto do plano: o fornecimento do apoio de US$ 200 bilhões do Tesouro às atividades de negócios regulares da Fannie Mae e da Freddie Mac.(Com agências).