O GLOBO, n 32.321, 02/02/2022. Política, p. 7

Eduardo Bolsonaro acerta filiação ao PL, do Centrão

Dimitrius Dantas


Filho do presidente, deputado publicou foto com Valdemar Costa Neto, cacique do grupo antes criticado por bolsonaristas

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, confirmou ontem de que deverá se filiar ao PL, mesmo partido do seu pai de olho nas eleições deste ano.

Em publicação no seu Twitter, Eduardo negou as especulações de que poderia entrar em um partido diferente do presidente. Na publicação, Eduardo compartilhou também uma foto sua ao lado de Valdemar Costa Neto, presidente do PL e condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no escândalo do mensalão.

— A janela para mudança partidária de deputados será em março e vários bolsonaristas irão também. Vamos somar forças para o projeto que põe o Brasil acima de tudo — escreveu o deputado.

Assim como no caso do presidente Bolsonaro, a filiação de Eduardo ao PL marca uma mudança no discurso bolsonarista antes da eleição. Durante a campanha presidencial de 2018, Eduardo e auxiliares do presidente fizeram duras críticas ao Centrão, bloco partidário do qual o PL faz parte e que tem a pecha de fisiológico.

Em um evento de campanha em 2018, Eduardo chegou a questionar se alguns dos seguidores de Jair Bolsonaro se deixariam seduzir pelo discurso do Centrão.

—Eu queria tirar uma foto de cada um dos senhores aqui para saber se, em 2019, quando o couro comer para valer, se vocês vão deixar se seduzir pelo discurso do Centrão ou vão se manter firmes e fortes com Bolsonaro —disse Eduardo.

No lançamento da campanha, o atual ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, também ironizou o Centrão, cantarolando uma paródia do verso “Se gritar 'pega, ladrão”.

— Se gritar “Pega, Centrão”, não fica um, meu irmão —disse Heleno.

PROCESSO DE SAÍDA

O PSL, atual partido de Eduardo, está em um processo de fusão com o DEM e vai virar União Brasil. Lideranças do novo partido conversam com o presidenciável Sergio Moro (Podemos), mas também avaliam não apoiar nenhum candidato ao Palácio do Planalto, liberando os diretórios estaduais para se posicionarem como quiserem.

O filho do presidente estava sendo cortejado pelo PTB. A aliados, a presidente nacional da legenda, Graciela Nienov, tinha avisado que entregaria o comando do diretório de São Paulo a Eduardo, caso ele topasse se filiar ao partido, de acordo com o colunista Lauro Jardim, do GLOBO.