O GLOBO, n 32.321, 02/02/2022. Política, p. 7
Molon, do PSB, se reúne com Paes, adversário de Freixo
Jan Niklas
Deputado quer disputar Senado, mas partido pode ceder vaga a outra sigla
O prefeito Eduardo Paes (PSD) e o deputado federal Alessandro Molon (PSB) se reuniram na segunda-feira na prefeitura do Rio para tratar das eleições no estado. O encontro, divulgado por ambos nas redes sociais, ocorre em meio a atritos públicos do deputado Marcelo Freixo, pré-candidato a governador do Rio pelo PSB, partido de Molon, com o grupo político de Paes — ambos disputavam o apoio do ex-presidente Lula (PT) nas eleições no Rio.
Embora sejam do mesmo partido, Molon e Freixo não são tão próximos pessoalmente. Molon tem o desejo de se candidatar ao Senado, mas, como o PSB deverá ter Freixo a governador, é possível que a vaga na chapa seja cedida a um partido aliado, como o PT. Na semana retrasada, Lula confirmou que o PT deve apoiar Freixo no Rio — o que fez Eduardo Paes se aproximar do presidenciável Ciro Gomes (PDT) em busca de apoio para o candidato do PSD ao governo estadual, o ex-presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, como informou a colunista Malu Gaspar.
Ao GLOBO, no sábado, o secretário municipal de Fazenda, Pedro Paulo, braço-direito de Paes, afirmou que não há chance de o grupo do prefeito aderir a Freixo. Paes declarou ontem apoiar Molon na sua intenção de disputar o Senado, alimentando a disputa interna no PSB. Em público, no Twitter, o prefeito disse ter ouvido de Molon um apelo por apoio à candidatura do PSB ao Palácio Guanabara — sem citar o nome de Freixo.
“Sabemos da necessidade de construção de alianças e vemos com muita simpatia a candidatura do próprio Molon ao Senado. PSD e PSB têm um histórico de aproximação em vários Estados da Federação e entendemos que ele pode se repetir aqui no Rio”, escreveu Paes.
Também em postagem nas redes sociais e sem citar Freixo, Molon agradeceu a agenda com o prefeito:
“Agradeço ao prefeito Eduardo Paes, pela recepção calorosa, pelas palavras generosas e pela ótima conversa sobre a necessidade de o campo democrático estar unido nas eleições desse ano no Rio”.
Se a vaga ao Senado na chapa de Freixo ficar mesmo com o PT, um possível candidato é o presidente da Alerj, André Ceciliano. Enquanto isso, Molon busca apoios a seu nome. Com a possibilidade de formação de palanques múltiplos, Paes poderia apoiar a candidatura de Molon ao Senado, mas encampar a candidatura de um adversário do PSB ao governo do estado.
Freixo não quis comentar a reunião entre um correligionário e um adversário na prefeitura do Rio.