O GLOBO, n 32.321, 02/02/2022. Brasil, p. 10
Bolsonaro: faltou Visão de futuro para desabamentos
Bianca Gomes
Presidente faz comentário sobre casas erguidas em locais de risco “por necessidade" após sobrevoar áreas atingidas em SP
Após sobrevoar áreas da região metropolitana de São Paulo atingidas pelas chuvas nos últimos dias, o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que faltou “visão de futuro” a quem construiu residências em locais de risco e foi afetado pelos deslizamentos e enchentes. No estado, 24 pessoas morreram desde sábado em decorrência dos temporais. Atualmente, segundo o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, que participou da visita, há cerca de 26 milhões de moradias em situação irregular em todo o país.
—(Em) muitas áreas onde foram construídas residências, faltou, obviamente, alguma visão de futuro por parte de quem construiu — disse Bolsonaro, ressaltando que as pessoas erguem casas nesses terrenos “por necessidade”.
Acompanhado de seis ministros, entre eles o da Cidadania, João Roma (Republicanos), e o de Infraestrutura, Tarcísio Freitas, que o presidente quer lançar como candidato a governador de São Paulo, Bolsonaro sobrevoou as áreas destruídas por deslocamentos de terra na região de Francisco Morato, na Grande São Paulo, por volta das 11h30. Depois, se reuniu com prefeitos dos municípios atingidos pelas cheias. Segundo o presidente, a visita teve como objetivo mostrar o que o governo federal tem à disposição para diminuir o sofrimento das famílias que ficaram desabrigadas ou desalojadas.
DORIA NÃO SERÁ ATENDIDO
A reunião com os prefeitos durou cerca de uma hora, e não ficou definido um valor exato para a ajuda federal aos municípios. De acordo com Bolsonaro, os prefeitos vão apresentar as suas necessidades e o governo fará “o possível”.
O ministro Rogério Marinho disse que não irá atender ao ofício enviado pelo governador de São Paulo e pré-candidato à Presidência pelo PSDB, João Doria, solicitando R$ 470 milhões para obras antienchentes e serviços emergenciais no estado.
— O ofício trata de obras que dizem respeito à previsão orçamentária, com obras de contenção, e não dizem respeito ao momento que estamos vivendo. A necessidade agora é tratar das pessoas e isso são ações emergenciais. O governador nos pede R$ 50 milhões para ações emergenciais, mas os prefeitos vão dizer qual é a necessidade de cada prefeitura —disse Marinho, acrescentando que Doria sabe de que forma deve fazer essa solicitação.
O ministro acrescentou que o problema das habitações irregulares em todo o país não será resolvido em pouco tempo.
— Temos quase metade das habitações do país irregulares. É fruto de mais de 100 anos de ocupação. Não é um problema que aconteceu hoje — afirmou Marinho.