Título: Palmito: um vidro por planta
Autor: Mariana Filgueiras
Fonte: Jornal do Brasil, 25/02/2005, Rio, p. A14
Cada pote de palmito vendido em supermercados equivale a uma árvore derrubada. Na Mata Atlântica, a espécie devastada pela ação dos palmiteiros é a Euterpe eduli, ou palmito-juçara. - O problema desta espécie é que a árvore inteira tem que ser retirada - explica Ricardo Carneiro da Cunha Reis, botânico e consultor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
O palmito-juçara tem o crescimento muito lento nos primeiros quatro anos, e uma nova planta leva quase uma década para atingir o manejo ideal para consumo. Por estas razões sua derrubada é ilegal.
- É fundamental que haja o replantio, por isso, a extração da espécie deve ser acompanhada por engenheiros florestais - diz.
Os frutos e sementes da espécie são importantes para a sobrevivência de vários animais.
O chefe do Parque Nacional da Serra da Bocaina, Daniel Toffoli, relaciona a extração do palmito com a caça de animais silvestres.
- Os palmiteiros retiram as árvores e aproveitam para levar também os animais que se alimentam dos frutos. Isso é muito comum - afirma Toffoli.