Título: Lula resiste a sacrificar Aldo
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 20/02/2005, País, p. A2

BRASÍLIA - Apesar de o PT ter aumentado a pressão para a saída do ministro Aldo Rebelo do comando da Articulação Política do governo, depois da derrota na Câmara, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda resiste. Em conversas com ministros, depois que desembarcou do Suriname, na última quinta, o presidente teria deixado transparecer que a saída de Aldo nesse momento seria prejudicial ao modelo de coalizão que pretende implementar na reforma ministerial. Aldo ainda teria o perfil ideal por transitar com desenvoltura em todos os partidos. Uma demonstração de que estaria em alta com o presidente Lula, foi a ida ao Congresso na última semana, quando foi recebido pelos recém-eleitos presidentes do Senado e da Câmara, senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e deputado Severino Cavalcanti (PP-PE). Durante os encontros, Aldo não apenas falou pelo governo, com a anuência de Lula, como teria combinado com os novos comandantes das duas Casas de agendar uma nova conversa em breve. Dois dias depois, em entrevista, Renan saiu em defesa do articulador político do governo, o que o reforçou no cargo:

- Não é necessário mudar as pessoas (no caso Aldo), mas o modelo de articulação - disse Renan acrescentando que o ideal seria permitir que os aliados participassem das formulações das políticas de governo.

Conforme antecipou o Jornal do Brasil na última semana, a articulação para destituir Aldo da Articulação Política é capitaneada pelo chefe da Casa Civil, ministro José Dirceu, interessado em retomar o posto ou entregá-lo a alguém do PT.

Nessa cizânia interna, teria o apoio do ex-presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), cotado para assumir a liderança do governo na Câmara. Os dois teriam celebrado um acordo tácito segundo o qual, como líder do governo na Câmara, o deputado João Paulo se reportaria apenas ao chefe da Casa Civil, isolando definitivamente Aldo.