O GLOBO, n 32.321, 02/02/2022. Economia, p. 14
Crise do emprego na América Latina deve durar até 2024, diz OIT
Fernanda Trisotto
Após quase dois anos do início da pandemia da Covid-19, a retomada insuficiente de 2021 e as perspectivas de baixo crescimento este ano associadas às incertezas em relação a novas variantes podem prolongar a crise do mercado de trabalho na América Latina e Caribe até 2024.
O alerta foi feito pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), que divulgou novo relatório sobre a situação do emprego ontem.
O crescimento econômico não foi suficiente para que a região voltasse ao patamar de emprego em que estava antes da pandemia. De acordo com a OIT, foram perdidos cerca de 49,1 milhões de postos de trabalho na região entre 2019 e 2020, e ainda faltam recuperar 4,5 milhões de empregos, a maior parte para mulheres.
O diretor da OIT para a América Latina e Caribe, Vinícius Pinheiro, alerta que crise de emprego muito longa é preocupante porque ao gerar desânimo e frustração, há repercussão na estabilidade social:
— O panorama laboral é incerto. A persistência dos contágios da pandemia e a perspectiva de um crescimento econômico medíocre este ano podem prolongar a crise do emprego até 2023 ou 2024.
A OIT cita dados da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) para justificar a previsão. Ao fim de 2022 mais da metade dos países da região terá um PIB inferior ao de 2019. Estima-se que em 2021, a taxa de desemprego na região ficou em 9,6%.