O GLOBO, n 32.321, 02/02/2022. Economia, p. 15
BTG expande área de gestão de fortunas após salto de 80%
Rennan Setti
Banco vai abrir dois escritórios 'private' no Nordeste para clientes com ao menos R$ 10 milhões. E vai ampliar atividades em Lisboa
O BTG Pactual vai ampliar a presença geográfica do seu negócio de gestão de fortunas, um dos carros-chefes do banco de André Esteves. O plano é abrir mais dois escritórios private próprios no Nordeste, mirando clientes com patrimônio de pelo menos R$ 10 milhões. Paralelamente, a instituição vai aumentar o rol de atividades do seu escritório em Lisboa, aberto em plena pandemia e que atende à diáspora brasileira em Portugal.
A ampliação se dá depois de o patrimônio sob o guarda-chuva da gestão de fortunas (wealth) do BTG ter dado um salto no ano que passou. A área começou 2021 com R $222 bilhões e terminou o terceiro trimestre com R $400 bilhões, um aumento de 80%.
Os novos escritórios do Nordeste serão abertos este semestre em Salvador e Fortaleza, desafogando a base private do BTG em Recife. —Hoje, o escritório de Recife acaba cobrindo todo o Nordeste e até mesmo o Pará, ocasionalmente. Fortaleza vai nos ajudar nessa logística. O Ceará tem uma enorme dinâmica empresarial, tem mais companhias que fizeram abertura de capital do que outros estados nordestinos — afirma Rogerio Pessoa, responsável pela área de gestão de fortunas do BTG.
Quanto à Bahia, será o retorno do BTG a Salvador. O banco tinha um escritório na capital que acabou sendo fechado quando eclodiu a crise dos anos Dilma Rousseff.
LICENÇA MAIS POTENTE
No Brasil, o private do BTG tem bases em São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba e Campo Grande, onde chegou em 2020.
— Eu não descartaria abrirmos mais um no Centro-Oeste, como em Brasília ou em Goiânia. Esse mundo agro é uma mola muito forte para a economia brasileira. Mas não adianta enviar um cara da Faria Lima três, quatro vezes por ano à região prospectar cliente… O linguajar é outro,é preciso ter uma base local— acrescenta.
O banco também conta com a capilaridade de escritórios de agente autônomo (AAI), cujo foco é em clientes de menor patrimônio. No private, a clientela do BTG investe, em média, mais de R $50 milhões.
Lá fora, a gestão de fortunas do BTG tem bases nos EUA (Miami e Nova York) e em Portugal, que já atraíram mais de US$ 10 bilhões de brasileiros. O escritório de Lisboa foi aberto no meio da pandemia para explorar o crescente contingente de brasileiros expatriados no país e, segundo Pessoa ,“está bombando”:
—A gente enxerga Lisboa como um hub europeu. A gente acaba falando com clientes na Espanha, na Itália e na Inglaterra por meio dele.
O BTG quer dar um “upgrade” em seu negócio europeu:
—Começamos com escritório de representação, mas estamos pedindo licença mais potente, para sermos gestores de patrimônio e corretores certificados no país. Estamos esperando o Banco Central de Portugal aprovar a licença.
Ontem, o banco anunciou a aquisição de 100% da Elite Investimentos, uma corretora de valores mobiliários tradicional do Rio. Segundo o banco, a compra faz parte da estratégia de expansão digital em assessoria de investimentos. O valor não foi informado.