O GLOBO, n 32.321, 02/02/2022. Saúde, p. 19

Fiocruz registrou 37% de testes positivos em janeiro

Giulia Vidale


Exames RT-PCR processados pela instituição refletem explosão de infecções por Covid-19 na comparação com dezembro

A chegada da variante Ômicron ao Brasil, em dezembro do ano passado, provocou um aumento expressivo nos diagnósticos positivos para Covid-19 processados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Até o dia 24 de janeiro de 2022, a positividade dos testes RT-PCR analisados pelos laboratórios foi de 37%. Em todo o mês de dezembro, o mesmo indicador era de 3%. As informações foram divulgadas ontem.

O aumento percentual de positivos é perceptível nas análises de todas as centrais da Fiocruz. A Unidade de Apoio ao Diagnóstico da Covid-19 baseada no Rio de Janeiro (Unadig-RJ), que atualmente processa amostras do próprio estado, do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais, teve um salto de 2% em dezembro, quando foram processados 52.795 testes, para 37% até 24 de janeiro de 2022, com 88.495 amostras analisadas.

Esse crescimento também foi visto na central baseada no Ceará, que processa amostras do próprio estado, de Santa Catarina e São Paulo; e na central do Paraná, que tem processado apenas amostras locais. 

Além da positividade, também houve forte alta no número de testes realizados. Na semana de 16 a 22 de janeiro, foram analisadas 121.275 amostras pelas centrais da Fiocruz, o que representa um aumento de 195% em comparação com a média das oito semanas anteriores.

Ao todo, as centrais já processaram mais de 9,5 milhões de exames RT-PCR em apoio ao Ministério da Saúde, o que corresponde a cerca de 35% de todos os testes do gênero realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Vinte e três unidades federativas foram atendidas. 

Para a coordenadora-geral da Unadig, Erika de Carvalho, essa “explosão de casos” é resultado das confraternizações de fim de ano e do relaxamento das medidas de isolamento social após o avanço da vacinação.

 —Isso fez com que a Ômicron expandisse e contaminasse uma quantidade tão grande de pessoas. Sabemos que ela é uma cepa cujo contágio é mais fácil e isso explica bem os números —completa Carvalho. 

Ainda segundo a coordenadora-geral, antes da explosão, o cenário epidemiológico era bem diferente.

 —Vínhamos de um momento em que observamos queda nos casos: 15 dias antes do ano-novo, estávamos com menos de 10% de percentual positivo na Unadig-RJ —relembra.