O GLOBO, n 32.321, 02/02/2022. Mundo, p. 18

Universidades negras dos EUA recebem ameaças de bombas



Ao menos 17 instituições sofrem intimidação no 1º dia do Mês da História Negra

Ao menos 17 faculdades e universidades historicamente negras receberam ameaças de bomba e precisaram cancelar aulas ontem, primeiro dia do Mês da História Negra nos EUA. Na véspera, sete instituições também sofreram ameaças. O FBI (política federal dos EUA) está investigando os casos. 

A Universidade Howard, na capital, Washington, foi uma das primeiras a emitir uma ordem para esvaziar o prédio. A mesma instituição já havia sido ameaçada na véspera. Após policiais inspecionarem o edifício, autoridades decretaram que o campus estava seguro.

As instituições ameaçadas constituem as Universidades Historicamente Negras, que foram criadas antes da Lei dos Direitos Civis, de 1964, que acabou com a segregação racial institucionalizada no Sul dos EUA. A maioria fica nessa região do país, onde os negros não podiam frequentar outros cursos superiores. 

David Wilson, reitor da Universidade Estadual Morgan, em Baltimore, disse que ficou triste ao confirmar que a escola havia recebido uma ameaça de bomba. “A Morgan é uma das universidades de maior impacto do país. Nossa história tem sido enfrentar todos os tipos de desafios e ameaças, mas sempre saindo mais fortes”, disse em um comunicado.

Segundo Zachary Faison, presidente da Universidade Edward Waters, em Jacksonville (Flórida), uma pessoa ligou para a polícia na madrugada de ontem afirmando que “múltiplos dispositivos explosivos” haviam sido instalados no campus e seriam detonados 12 horas depois, seguidos por um ataque a tiros.

BIDEN CIENTE DO CASO 

Jen Psaki, secretária de Imprensa da Casa Branca, disse que o presidente Joe Biden está ciente do caso:

 —Isso é certamente perturbador —disse Psaki. — E a Casa Branca está em contato com as forças de segurança em relação à questão. 

No início da tarde de ontem, ao menos seis das universidades que receberam ameaças informaram que, após investigações, não encontraram riscos para os alunos.

A tensão em relação a temas raciais aumentou nos EUA após o assassinato do segurança negro George Floyd, sufocado por policiais, em maio de 2020. Os protestos que se seguiram marcaram a campanha eleitoral que levou à vitória do democrata Biden contra o republicano Donald Trump.