Título: Treinamento inclui atual campanha eleitoral
Autor: Correia, Karla
Fonte: Jornal do Brasil, 14/09/2008, País, p. A10

Brasília

A agenda extensa de compromissos e aparições no horário gratuito de televisão de candidatos petistas nas eleições municipais deste ano procuram compensar a falta de traquejo político da chefe da Casa Civil, ministra Dilma Rousseff, que vai ter na disputa pela Presidência da República em 2010 seu debut em campanhas eleitorais.

A ministra jamais disputou nem ao menos uma cadeira de vereadora e, até ser ungida a predileta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nunca tinha manifestado ambições políticas em seus círculos mais próximos. O que, para um presidente de olho em 2014, é uma virtude incomparável. Mas para colegas de Esplanada e parlamentares, a ausência de malícia política e o temperamento algo explosivo são falhas graves na construção da via para o gabinete presidencial.

Ditadura

A dureza no trato foi forjada nos anos de militância política durante o período de ditadura. Estudante do tradicional Colégio Sion na infância passada em Belo Horizonte, Dilma conheceu o movimento estudantil quando ingressou na Faculdade de Economia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em meados da década de 1960. Foi recrutada para o grupo marxista Política Operária (Polop) pelo namorado Cláudio Galeno de Magalhães Linhares, com quem viria a se casar. Transformou-se na militante "Estella".

Perseguida pela polícia mineira, mudou-se com o marido para o Rio, onde ajudou a organizar assaltos a bancos para financiar as atividades de resistência. Lá, fundiu seu grupo à Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) de Carlos Lamarca, dando origem à Vanguarda Armada Revolucionária - Palmares (VAR-Palmares), movimento que liderou ao lado de Lamarca e onde planejou o notório assalto à casa de Ana Capriglioni, na época amante do ex-governador de São Paulo Adhemar de Barros. Com sucessivos desentendimentos em sua cúpula, o movimento se desintegra. Dilma separa-se de Cláudio e se aproxima de Carlos Araújo, ex-militante do VAR.

Em 1970, é presa, interrogada, torturada no pau-de-arara e condenada a seis anos de prisão. Consegue a liberdade três anos depois, quando muda-se para Porto Alegre com o marido, Carlos e filia-se ao PDT. Rompe com o partido quando, no governo de Olívio Dutra, a legenda quebra a aliança com o PT do governador. Secretária de Minas e Energia do governo gaúcho, Dilma opta pelo PT. E inicia sua trajetória no partido rumo à sucessão de Lula, em 2010. (K. C.)