Título: Casos vão de Aids a facadas e tiros
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Fonte: Jornal do Brasil, 20/02/2005, Brasília, p. D3

De tuberculosos a portadores de hanseníase, de casos de hemorróidas a vítimas da DST/AIDS. Jovens paraplégicos e homens seriamente feridos por facadas e tiros. Tudo isso está entre os problemas de saúde encontrados entre os 7,5 mil encarcerados do DF. São centenas de dramas. O publicitário Roberval Rosanviski, 75 anos, preso há dois anos e meio, é assíduo paciente dos postos. Ela afirma estar ''velho e cansado''. Por essa razão, sofre muito.

- Tenho glaucoma, insuficiência renal e dores no corpo. Antes desse posto, a situação era muito ruim. Acho houve uma modificação para melhor - comentou o publicitário, que costuma passar o tempo praticando o inglês, espanhol, francês e o italiano que fala fluentemente.

Já o presidiário Ismael Alves de Lacerda, de 23 anos, entrou no Complexo Penitenciário do DF após ser submetido a uma intervenção cirúrgica. O rapaz recebeu dois tiros, teve a coluna vertebral atingida e ficou paraplégico.

Ismael não pode mais andar, mas precisa aprender a se virar sozinho. É frequentando as sessões de terapia ocupacional que ele está tentando reeducar seu corpo para o novo modo de vida.

- Estou apreendendo a me limpar, tomar banho sozinho, me movimentar... - disse Ismael, acrescentando que está preso há um ano e seis meses e que acha o atendimento que recebe no mini-posto muito bom.

Já o presidiário Wallace de Oliveira Campos, 29 anos, está do outro lado da mesa. Ele não é paciente, mas sim agente de saúde. Antes de ser preso, há sete anos, Wallace trabalhava como auxiliar de laboratório e enfermagem. Dentro da cadeia, continuou exercendo a profissão.

O agente de saúde lembra que, antes do Programa de Saúde do Sistema Prisional ser implantado, a situação dos presos doentes era triste.

- Os médicos eram voluntários. Vinham quando podiam Era muito complicado. Agora não, sempre há médico aqui. Faço entre 100 e 150 atendimentos por semana, desde curativos a coisas mais sérias, sempre sob supervisão de um médico. Antes eu não podia fazer - disse.