Título: Gigantes reconhecem que parceria com verdes é boa
Autor: Rosa, Leda
Fonte: Jornal do Brasil, 14/09/2008, Economia, p. E3

Na supervisão de sua sexta hidrelétrica, Victor Paranhos, presidente da Energia Sustentável do Brasil S/A, empresa responsável pela construção de Jirau, é uma testemunha das mudanças surgidas na negociação entre verdes e desenvolvimentistas.

¿ Eu era absolutamente arrogante nas negociações que antecediam os alagamentos ¿ admite Victor.

A mudança passou, segundo ele, por três fases. Na primeira, que abrange a década de 80, a ecologia não tinha qualquer relevância diante dos imperativos do crescimento. Nos dez anos que se seguiram, o radicalismo ficou por conta dos verdes, que rejeitavam todas as propostas.

A partir de 2000, Victor Paranhos percebeu que os interlocutores mudaram a abordagem.

¿ Vivemos um momento ímpar, muito bom, no qual os dois lados aprenderam com os erros do passado e procuram o diálogo ¿ lembra Paranhos.

Norma Vilela, diretora de sócio economia do Consórcio Estreito Energia (Ceste), já conduziu 3.500 reuniões individuais com as 2 mil famílias afetadas pela construção da hidrelétrica de Estreito, que alagará 12 cidades na divisa de Tocantins e Maranhão e renderá 1087 megawatts.

¿ Antes, quando eu comecei na área, não se fazia reunião nenhuma ¿ recorda ela. ¿ A questão ambiental no rio Tocantins não tem tanta relevância porque o impacto maior sempre é nos peixes da área e Estreito será a sexta usina no Rio Tocantins.

Os desafios sociais também mobilizam Odilon da Gama Parente Filho, diretor de meio ambiente da Companhia Energética São Salvador, que toca a obra em Tocantins e tem potencial de 243 megawatts. De uma população de 466 famílias sem documento de propriedade da terra foi preciso descobrir as que tinham direito aos 27,5 hectares de terra, com área construída de 104 mª.

¿ Fizemos uma auditoria social simultânea, em parceria com o Ministério Público, Ibama e outros órgãos para definir quem tinha direito às propriedades ou apenas às indenizações ¿ comenta ele, que também enfrentou extensos fóruns de negociações com os moradores para informar sobre as ações do empreendimento com transparência.