O GLOBO, n 32.322, 03/02/2022. Economia, p. 11

Renda fixa volta a ter retorno melhor que poupança

Vitória da Costa


Especialistas citam como boas opções de aplicação títulos pós-fixados, prefixados e atrelados à inflação, além de DIs e CDBs

A volta da Selic para os dois dígitos reforça a tendência de valorização da renda fixa, iniciada no ano passado. Analistas consultados pelo GLOBO apontaram como boas opções os títulos de renda fixa pós-fixados, que acompanham as altas nas taxas de juros, os prefixados e os indexados à inflação.

—Estamos vendo prêmios no IPCA+ muito atraentes e em prefixados, porque vemos a inflação convergindo para a meta nos próximos dois anos enquanto os títulos estão pagando prêmios para uma inflação que não converge para a meta tão rapidamente —explica Paula Zogbi, analista de investimentos da Rico.

No caso de títulos prefixados, que pagam taxas de juros combinadas no momento da aplicação, Jaqueline Benevides, analista de renda fixa da TC, recomenda aplicações com horizontes mais curtos, pois a expectativa é que a Selic comece a cair em 2023:

— Com ativos de prazos muito extensos, você pode pegar uma Selic não tão atraente e ficar preso no papel.

Paula, da Rico, também prefere papéis com vencimento em dois ou três anos, porque os cenários fiscal e inflacionário ainda são incertos após esse período.

Além disso, segundo estimativas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), em alguns casos o desempenho dos fundos DI supera o da poupança até com taxa de administração superior a 2,5% ao ano.

A poupança atualmente rende 0,5% ao mês mais a TR, o que, em 12 meses, significa retorno de 6,17% mais a TR.

—Temos muitos fundos DI que investem em Tesouro Selic e não vemos uma inflação tão alta este ano como em 2021. Esses fundos devem rentabilizar acima da inflação e da poupança —afirma o assessor de investimentos de Ável, Paulo Dutra.

Para quem se dispõe a correr riscos, certificados de depósito bancário (CDBs) emitidos por bancos de menor porte garantem retorno maior. A aplicação, porém, só tem cobertura pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) até o limite de R$ 250 mil por CPF.

—Há muito CDBs de bancos pequenos e médios pagando taxas de 120% e 130% do CDI —diz Paula.

Outra opção são as Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) e Imobiliárias (LCIs). Elas são cobertas pelo FGC e têm isenção de IR. Já os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e do Agronegócio (e CRAs) estão fora do FGC.