Correio Braziliense, n. 22646, 22/03/2025. Brasil, p. 6
Ministro retira crítica ao trabalho policial
Luana Patriolino
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, recuou de declaração que dera, na quinta-feira, sobre o trabalho das polícias. Ele afirmou, ontem, que o Brasil tem “uma polícia altamente eficiente e preparada”, ao contrário do que disseram na quinta-feira — que “a polícia prende mal e o Judiciário é obrigado a soltar”. Conforme justificou, a expressão foi tirada de contexto.
A afirmação do ministro causou mal-estar com a Polícia Federal. A Associação dos Delegados da PF divulgou nota na qual frisa que “só é possível falar em prisão ‘mal realizada’ quando se detecta alguma ilegalidade e, certamente, essa não é a realidade diuturna das audiências de custódia realizadas no Brasil. É preciso esclarecer à sociedade que na maioria esmagadora dos casos, a prisão é considerada legal e o juiz que preside o ato concede a liberdade provisória, com ou sem fiança, atendendo a um pedido feito pela defesa ou pelo Ministério Público”.
“Quero ressaltar, agora, publicamente, que temos uma polícia brasileira altamente eficiente, preparada. Eu disse, naquela ocasião, e a minha expressão foi pinçada fora do contexto, que as polícias têm que ser melhor remuneradas, melhor equipadas, precisam ser mais bem informadas para que possam prender melhor, para que não haja esse fenômeno de o Judiciário eventualmente ter que corrigir erros de prisões que não foram feitas de acordo com a lei”, justificou Lewandowski, na inauguração, em João Pessoa, da primeira unidade do Sala Lilás, local destinado ao atendimento de mulheres e meninas em situação de violência de gênero.
Para o ministro, o fortalecimento das polícias é essencial para garantir uma repressão qualificada ao crime e evitar prisões que possam ser consideradas ilegais ou inconsistentes.