O GLOBO, n 32.322, 03/02/2022.Política, p. 4
Pacheco pede respeito à democracia e condena fake news
Já Lira fez um apelo, na retomada dos trabalhos do Congresso, para que não haja antecipação dos processo eleitoral
Assim como na abertura do ano judiciário, no dia anterior, a retomada dos trabalhos do Congresso foi marcada ontem por discursos em defesa da democracia e por recados ao presidente Jair Bolsonaro de que ameaças autoritárias não serão toleradas. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), pediu respeito ao resultado das urnas e condenou a disseminação de fake news. Já o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), defendeu que as eleições de outubro não atrapalhem a votação das reformas, o que pode piorar o cenário econômico.
Embora tenha baixado o tom nos últimos meses, Bolsonaro costuma colocar em dúvida, sem provas, a segurança das urnas eletrônicas de votação e atacar instituições democráticas, como o Supremo Tribunal Federal (STF).
Na sessão de reabertura dos trabalhos legislativos ontem, Pacheco pediu vigilância “contra a mínima insinuação de investida autoritária”.
—Num ano de eleições gerais, caberá ao povo bem escolher seus representantes; aos vencedores, fazer de seu mandato um verdadeiro serviço; e aos perdedores, respeitar o resultado das urnas — disse o presidente do Senado.
Ele ainda fez um alerta contra as fake news durante o pleito e aos disparos de mensagens em massa através do uso de robôs.
—É fundamental garantir que o processo eleitoral não seja afetado por manipulações de disparos em massa através de robôs. Dos candidatos, acreditemos no debate de ideias, concretude de propostas e respeito às divergências; das instituições da República, esperemos a fiscalização e punição daqueles que atentem contra o processo eleitoral; do eleitor, roguemos senso crítico e responsabilidade para distinguir fatos verdadeiros das inaceitáveis fake news —disse.
No ano passado, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitou o pedido de cassação dos diplomas de Bolsonaro e do vice, Hamilton Mourão, por falta de provas que demonstrassem o impacto de disparos em massa no resultado das eleições de 2018. Apesar do arquivamento, a maioria dos ministros aprovou uma tese segundo a qual disparos em massa contendo desinformação podem configurar abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação social.
O presidente da Câmara, por sua vez, pediu união à classe política para tentar aprovar reformas em 2022. Para que o objetivo seja alcançado, Lira apelou aos presentes para que não haja a antecipação do processo eleitoral.
— (Concluo o discurso) conclamando a todos que deixemos as eleições para outubro, deixemos os interesses políticos para outubro e agora trabalhemos com ainda mais afinco e unidos para aprovar as medidas que são tão necessárias para o país e para os brasileiros. As disputas e tensionamentos devem ficar para o momento de campanha. Agora o momento é união e diálogo porque o País tem pressa —afirmou. (D.D., B.G. e C.Z.)