Correio Braziliense, n. 22651, 27/03/2025. Política, p. 3

“Houve gravíssima violência”


Em seu voto, o ministro Alexandre de Moraes detalhou a suposta participação da cúpula do governo Bolsonaro na elaboração do golpe desde junho de 2021. Segundo ele, não há dúvidas de que o ex-presidente tinha conhecimento e manuseou o a minuta golpista apreendida pela Polícia Federal.

Também foram detalhados os indícios de participação dos militares na trama golpista, a elaboração da minuta golpista encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o uso indevido da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionagem ilegal em benefício de Jair Bolsonaro.

“Apesar de algumas alegações de que minutas de golpe são normais, que correm pela internet, não é normal que o presidente que acabou de perder uma eleição se reúna com comandantes do Exército, Marinha e ministro da Defesa para tratar de minuta de golpe”, disse.

Segundo a investigação, a cartada final do grupo seria o dia 8 de janeiro, dia dos ataques violentos que culminaram na depredação dos prédios dos Três Poderes.

Bolsonaro também teve uma imputação específica de liderar a organização criminosa.

Moraes apresentou um vídeo “de comprovação da materialidade dos delitos” nos ataques.

“É um absurdo as pessoas falarem que não houve violência, que não houve agressão e que, consequentemente, não houve materialidade”, enfatizou.

Num telão, foram exibidas imagens de extremistas depredando os prédios dos Três Poderes.

Moraes questionou: “Se isso não é violência, o que seria violência? O absurdo de uma violência é ela ser programada.”