Correio Braziliense, n. 22651, 27/03/2025. Política, p. 7

Votos em nome da democracia
Maiara Marinho



No julgamento da denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e sete aliados por tentativa de golpe de Estado, os ministros da Primeira Turma apontaram contradições em pontos destacados pelas defesas dos acusados, na sessão do dia anterior, e demarcaram as diferenças entre democracia e ditadura. Eles enfatizaram a importância de não minimizar os ataques ao Estado de Direito.

Com a construção de uma linha do tempo da trama golpista, os ministros indicaram o 8 de Janeiro de 2023 como o dia fatídico da ofensiva.

Os magistrados também destacaram a reunião ministerial de 5 de julho de 2022 e uma live realizada por Bolsonaro em 29 de julho do mesmo ano, em que o sistema eleitoral foi questionado pelo ex-presidente, ministros e assessores à época, bem como a tentativa de evitar a ida de votantes às urnas no segundo turno das eleições presidenciais.

Os acontecimentos, conforme os ministros, antecederam e preparam o terreno para as ações de depredação e de pedidos de intervenção militar na Praça dos Três Poderes.

Além de ressaltarem todo o plano da investida golpista e a violência causada pelos que a apoiaram, os ministros frisaram a importância da democracia em contraposição a regimes autoritários. “Ditadura vive da morte. Não apenas da sociedade, não apenas da democracia, mas de seres humanos, de carne e osso, que são torturados, mutilados, assassinados, toda vez que contrariar o interesse daquele que detém o poder para o seu próprio interesse. Não é para o bem público, não é para o benefício de todos”, disse a ministra Cármen Lúcia.