Correio Braziliense, n. 22651, 27/03/2025. Cidades, p. 21

Denúncia de racismo em escola
Mariana Saraiva
Bárbara Xavier



Uma aluna de 14 anos do Centro Educacional 04 (CED 04) do Guará sentiu-se atacada após uma fala racista de um professor de geografia durante a aula. O caso ocorreu no início do ano letivo, mas só foi confirmado pela direção da instituição em 24 de março. De acordo com a jovem, o docente teria dito que “não via a hora de trocar de governo, porque era necessário matar metade dos pretos do Brasil, porque o preto precisava morrer mesmo”.

Diante do relato, uma tia da aluna registrou a denúncia na 4ª Delegacia de Polícia (Guará), dando início a um boletim de ocorrência. O caso foi, em seguida, encaminhado à Delegacia Especial de Repressão aos Crimes de Discriminação Racial, Religiosa, por Orientação Sexual, contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin), que está investigando o ocorrido como incitação ao crime e discriminação racial.

Segundo ela, ontem, a garota não queria ir à escola, pois estava abalada com o ocorrido.

A tia, então, a acompanhou até a instituição. “Ela estava chorando muito, com medo de que algo acontecesse com ela.

Eu quero que ela entenda que ela é a vítima da história. Vamos transferi-la para outra escola”, afirmou.

Em nota, a Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEDF) informou que o servidor foi afastado por um período inicial de 60 dias, podendo ser prorrogado. O ato foi publicado no Diário Oficial do DF de ontem. A corregedoria já instaurou um procedimento para apuração dos fatos, seguindo os trâmites legais.

“A Pasta acompanha de perto as investigações e reafirma seu compromisso com um ambiente escolar seguro e respeitoso.

Por fim, repudia veementemente qualquer manifestação de racismo e não tolera discriminação em sua rede de ensino”, diz a nota.

Procurada, a direção do CED 4 não se manifestou até o fechamento desta edição.