O GLOBO, n 32.323, 04/02/2022. Economia, p. 13

Pequenos negócios geraram 78% das vagas formais em 2021

Fernanda Trisotto


Micro e pequenas empresas abriram 2,1 milhões de postos. Construção civil lidera 

As micro e pequenas empresas foram responsáveis pela geração de quase 78% das vagas com carteira assinada em 2021. Levantamento do Sebrae, antecipado ao GLOBO, aponta que do saldo de 2,7 milhões de empregos formais, registrado pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, 2,1 milhões vieram dos pequenos negócios.

A criação de 2.122.217 postos de trabalho representa cerca de 38 vezes em relação ao resultado de 2020, quando as micro e pequenas empresas geraram 56.087 vagas de emprego formal. Em 2020, foram fechadas 191,4 mil vagas. De acordo com o levantamento do Sebrae, o resultado ruim no primeiro ano da pandemia ficou concentrado em médias e grandes empresas, que fecharam 274.220 vagas. Construção civil liderou a abertura de vagas, com saldo de 93,4 mil postos, seguido dos restaurantes (57,5 mil) e transporte rodoviário de carga (49,5 mil).

—Em 2021, de cada dez empregos, as micro e pequenas empresas geraram oito. Além de concentrar a geração de vagas, as micro e pequenas empresas têm algumas características particulares, como contratar mais e demitir menos, além de manter uma relação muito mais próxima com o contratado —diz o presidente do Sebrae, Carlos Melles.

Para ele, o desempenho positivo na geração de emprego é fruto de medidas como o auxílio emergencial e o programa de manutenção do emprego e renda (BEm), e mais crédito:

— O crédito agora torna-se ainda mais importante.

O assunto foi debatido por Melles e representantes de diversos setores na Associação Comercial de São Paulo em encontro com o ministro da Economia, Paulo Guedes.

—O ministro ouviu a importância de ter o Refis (refinanciamento de dívidas fiscais) e de ter microcrédito e algum dinheiro assistido agora, com ações de crédito orientado e educação empreendedora e inovação digital para os microempreendedores individuais e micro e pequenas empresas.

O Sebrae está trabalhando junto aos parlamentares para derrubar o veto do presidente Jair Bolsonaro ao projeto que cria o Programa de Reescalonamento do Pagamento de Débitos no Âmbito do Simples Nacional (RELP), que daria mais fôlego para essas pequenas empresas.

Em 2021, todos os estados fecharam o ano com saldo positivo. São Paulo foi o estado com maior saldo (532.386). Na sequência, aparecem Minas Gerais (233.578), e Rio de Janeiro, com 159.818.