Correio Braziliense, n. 22652, 28/03/2025. Super Esportes, p. 20
Conmebol cria grupo antirracista
Arthur Ribeiro
Ainda engatinhando em busca de medidas efetivas contra o preconceito no futebol sul-americano, a Conmebol anunciou, ontem, a criação de um grupo de trabalho permanente para debater formas de coibir o racismo, a discriminação e a violência nos estádios. A equipe será liderada pelo ex-jogador Ronaldo, a ex-secretária-geral da Fifa, Fatma Samoura, e o presidente da FIFPro, Sergio Marchi, além de outros atletas e especialistas jurídicos.
A medida foi uma das iniciativas da Conmebol após uma reunião em Luque, no Paraguai, com ex-jogadores e autoridades dos 10 países-membros da entidade.
O encontro ainda apresentou a criação de uma lista de torcedores banidos dos estádios e a ampliação de programas educacionais para jogadores, clubes, árbitros e torcedores para conscientizar sobre o racismo. A entidade reforçou o compromisso em aplicar punições severas, alinhadas com a Fifa, Uefa e outras ligas.
“Estamos agindo com responsabilidade e unidade para enfrentar os desafios futuros, superá-los e continuar no caminho do crescimento.
Não queremos um debate sobre o passado, mas sim discutir o futuro”, disse Alejandro Domínguez, presidente da Conmebol, criticado por uma frase em que comparou a Libertadores sem os times brasileiros com o personagem Tarzan sem a macaca Chita.
Para os dirigentes da Conmebol, o racismo é um problema social, e não institucional. Por outro lado, os representantes do Brasil, entre eles, o presidente da Autoridade Pública de Governança do Futebol (APFUT), Washington Cerqueira, e o chefe de gabinete da ministra da Igualdade Racial, Luiz Barros, reforçaram que é um crime inafiançável e deve ser punido.
“É necessário que a Conmebol utilize sua influência e seu poder no futebol, que é um esporte tão presente na sociedade, para apresentar ações efetivas de combate ao racismo”, comentou Washington.
Casos de racismo e discriminação recebem como punição a aplicação de uma multa, cujos valores serão destinados ao Projeto SUMA, uma iniciativa de educação e desenvolvimento social através do esporte. O programa será aplicado em todos os países da Conmebol. Também participaram da reunião outros personagens do futebol sul-americano, como Léo Moura e Mauro Silva, o uruguaio Diego Lugano e os argentinos Carlos Tevez e Claudio Caniggia.
A CBF ainda cobra punições mais duras para casos de racismo.
A entidade deu como sugestão a redução de pontos, a obrigação de jogar de portões fechados, a proibição de jogar em determinado estádio e até mesmo a desclassificação de competições em andamento e/ou futuras.