Correio Braziliense, n. 22652, 28/03/2025. Brasil, p. 6
Igualdade e presença nos espaços de poder
Alícia Bernardes
A luta pela igualdade de direitos, o combate à violência contra a mulher e a necessidade de ampliar a presença feminina nos espaços de poder foram os principais temas debatidos, ontem, na entrega do Diploma Mulher-Cidadã Bertha Lutz. A premiação, concedida a 19 personalidades que se destacam na defesa dos direitos das mulheres, reafirmou a urgência de políticas públicas para garantir mais representatividade e proteção.
A senadora Leila Barros (PDT-DF), que presidiu a sessão, enfatizou que a premiação celebra o fortalecimento das conquistas das mulheres. "É um momento em que atuamos juntas. Uma confraternização para celebrar, para dizermos umas às outras: 'Vamos resistir, vamos lutar por aquilo em que acreditamos'. Saio de cada Prêmio Bertha Lutz revigorada, consciente da missão e sabendo que não estou sozinha nessa luta. Um quarto de século já transcorrido desde a primeira edição e ainda precisamos estar aqui reivindicando direitos: direito pela equiparação de oportunidades, direito pela divisão do trabalho doméstico, direito pela efetiva inclusão social e, pasmem, direito até mesmo à integridade física", frisou.
Esta foi a 22ª edição do Diploma Bertha Lutz, com homenageadas que refletem a diversidade da luta feminina e representam diversos ramos da sociedade — como a política, a ciência, o Judiciário, a cultura, o ativismo social e o empreendedorismo.
Entre as agraciadas, a juíza Bruna dos Santos, do Tribunal de Justiça do Ceará (TJ-CE), destacou o impacto de tal reconhecimento na continuidade dos trabalhos realizados por mulheres em diversas áreas.
"Esse prêmio é um fôlego, um ânimo. Muitas vezes, nem percebemos o tamanho do impacto que estamos causando na sociedade. Esse reconhecimento nos fortalece e reforça a importância de mulheres apoiarem outras mulheres", afirmou.
Dificuldades
Janete Vaz, empreendedora e cofundadora do Grupo Sabin, enfatizou a necessidade de ampliar a presença feminina em espaços de liderança e combater desigualdades estruturais. "No início, não imaginava os desafios que as mulheres enfrentavam. Depois, percebi problemas como a diferença salarial e a dificuldade de inclusão. O prêmio nos lembra da luta de Bertha Lutz, que começou sozinha plantando uma semente. Avançamos, mas ainda há muito a conquistar", observou.
Entre as agraciadas com a premiação, estão a atriz Fernanda Torres (que interpretou Eunice Paiva no filme Ainda Estou Aqui, que levou o Oscar de língua não inglesa deste ano); a atriz e imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL) Fernanda Torres; a escritora Conceição Evaristo (que também é prima da ministra dos Direitros Humanos e Cidadania Macaé Evaristo); a neurocientista e presidente da Rede Sarah, Lúcia Willadino Braga; a presidente do Instituto Ayrton Senna, Viviane Senna — entre outras.
O Diploma Bertha Lutz foi criado em 2001 pelo Senado para homenagear mulheres e instituições que contribuem para a promoção dos direitos femininos e a equidade de gênero no Brasil. É entregue no mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher (8 de março).
Frase
"Um quarto de século transcorrido desde a primeira edição (do Bertha Lutz) e ainda precisamos estar aqui reivindicando direitos”
Senadora Leila Barros (PDT-DF), que presidiu a sessão que reconheceu as 19 personalidades