Correio Braziliense, n. 22652, 28/03/2025. Política, p. 3

Moraes cobra explicações sobre Léo Índio
Maiara Marinho


O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) deu prazo de 48 horas para a defesa de Leonardo Rodrigues de Jesus, o Léo Índio — sobrinho do ex-presidente Jair Bolsonaro —, explicar se o cliente deixou o país.

Léo Índio é réu por participação nos atos golpistas de 8 de Janeiro e foi proibido de sair do Brasil. Mas, em entrevista a uma rádio do interior do Paraná, ele afirmou estar na Argentina há mais de 20 dias, por medo de ser preso.

Ontem, a Primeira Turma do STF formou maioria para negar o recurso dele, mantendo-o como réu. A defesa questionou a competência da Corte para julgar o caso, alegando que Léo Índio não tem foro privilegiado. O argumento foi refutado por Moraes, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.

O pedido está sendo apreciado no plenário virtual. Também ontem, a cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, presa desde março de 2023 por participação nos ataques golpistas, teve seu pedido de desculpas revelado, após Moraes suspender o sigilo do processo.

Em depoimento, ela disse que não participou da depredação dos prédios públicos e alegou ter pichado a estátua da Justiça com batom, atendendo a pedido de outro manifestante. “Ele começou a escrever e ele falou assim: ‘Eu tenho uma letra muito feia, moça. Você pode me ajudar a escrever?’ E aí eu continuei fazendo a escrita da frase dita pelo ministro Barroso. E eu de fato não sabia, eu não adentrei em nenhum dos prédios do STF, nem do Congresso, nem da Casa do Planalto, em nenhum dos lugares. Eu só fiquei naquela praça”, alegou.

A cabeleireira recebeu dois votos, de Moraes e de Flávio Dino, para ser condenada a 14 anos de prisão em regime fechado. No entanto, o ministro Luiz Fux pediu vista para analisar melhor o processo.

A prisão de Débora tem sido usada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e por aliados como motivo para pedir a aprovação de um projeto que anistia os golpistas do 8 de Janeiro.

“Incitador e executor”

Léo Índio foi investigado na Operação Lesa-Pátria, da Polícia Federal. Segundo a PGR, há provas de que ele “participou como incitador e executor dos atos antidemocráticos” e “concorreu dolosamente para a prática das condutas criminosas” do ataque aos Três Poderes.