Correio Braziliense, n. 22653, 29/03/2025. Economia, p. 7
Saída pelo Pacífico mais perto
A Rota de Integração Sul-Americana é uma ambição que está nos planos do presidente Luíz Inácio Lula da Silva desde o seu primeiro mandato, em 2003, quando se autointitulou "caixeiro viajante", sinalizando a intenção de ampliar a posição do Brasil no comércio exterior. No terceiro mandato, sua equipe apressa o passo na tentativa de concluir os projetos até 2026, último ano do governo.
O principal objetivo é, além de possibilitar a ampliação do comércio com os países vizinhos, cujo comércio intrarregional é de apenas 15%, facilitar o transporte das mercadorias brasileiras pelo Oceano Pacífico.
Desde o primeiro mandato, Lula tem se empenhado em acessar os mercados dos países asiáticos, como fez agora nas visitas ao Japão e ao Vietnã, com os quais fechou acordos para venda, principalmente, da carne.
Ontem, durante a sua missão em Santiago, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, informou que as obras estão adiantadas, com a primeira inauguração marcada para novembro deste ano. "Vamos inaugurar a Rota Amazônica, que eu falo que é a Rota COP-30, porque nós vamos receber a COP-30 agora em novembro, em Belém", disse Tebet, referindo-se à Conferência da ONU sobre mudanças climáticas. "A rota tem impacto ambiental zero, porque ela é toda pelo Rio Solimões. Faltava a dragagem que está terminando e, agora, estamos instalando a alfândega na tríplice fronteira Brasil, Colômbia e Peru", afirmou.
Bioceanidade
João Villaverde, secretário de Articulação Institucional (SEAI) ministério, órgão responsável pelas ações ligadas ao programa, destaca que, com instalação da alfândega na rota 2, muitas possibilidades se abrem para as exportações brasileiras. "No momento em que abrirmos aduana em Tabatinga, o desembaraço de produtos, tanto para entrar quanto para sair, será muito mais rápido", comentou Villaverde.
Ele ressalta que, mesmo sem estar concluída, a rota conseguiu escoar, em 2024, mais do que tudo o que foi exportado, por lá, nos últimos sete anos. "Cresceu muito a exportação de cana-de-açúcar, que vem desde o Mato Grosso, de produtos de bioeconomia, como castanhas e açaí, por exemplo. A nossa expectativa, com a criação da aduana, é que cresça também a exportação de bens industriais da Zona Franca de Manaus", aponta o secretário, que integra a comitiva do Planejamento no Chile.
"Fazer mais negócios com os nossos vizinhos da América do Sul significa também nos aproximarmos do oceano que é o oceano da China, do Japão e dos países asiáticos. Então, o caráter da bioceanidade é fundamental para o que a gente está fazendo".