O GLOBO, n 32.323, 04/02/2022. Política, p. 5

Presidente confirma a troca d
e 11 ministros em 31 de março
Dimitrius Dantas


Bolsonaro quer evitar 'ciumeira' entre cotados para assumir pastas

O presidente Jair Bolsonaro confirmou que a reforma ministerial deste ano será realizada no dia 31 de março, quando 11 ministros deverão deixar o governo para disputar as eleições. A afirmação foi feita em Porto Velho (RO), antes do encontro com o presidente do Peru, Pedro Castillo. Bolsonaro afirmou que os substitutos ainda não estão definidos.

No último dia 18, Bolsonaro havia dito que já tinha os substitutos para os ministros que deixariam o cargo, que já estava “praticamente acertado” quem os substituiria. Ontem, porém, afirmou querer evitar uma disputa de egos na Esplanada dos Ministérios.

— Para evitar a ciumeira. Dia 31 de março, um grande dia. É um pacotão: 11 saem e 11 entram. Da minha parte, vocês só vão saber via Diário Oficial da União —afirmou Bolsonaro.

O presidente foi perguntado pela imprensa rondoniense se haverá a nomeação de algum ministro do estado. Era uma referência ao senador Marcos Rogério (PL-RO), que estava ao lado de Bolsonaro e que foi um dos mais disciplinados integrantes da tropa de choque do governo durante a CPI da Covid no ano passado. Bolsonaro riu da pergunta, disse ter um “profundo apreço” pelo parlamentar, mas evitou se comprometer.

— Nós temos, previstos, 11 ministros que vão disputar a eleição. Obviamente, vamos ter ministros-tampão. Tenho um profundo apreço pelo Rogério. Isso a gente pode conversar, mas nada decidido ainda com ninguém.

DISPUTA POR ESPAÇO

Entre os auxiliares cotados para sair, três devem disputar governos estaduais. Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), em São Paulo; João Roma (Cidadania), na Bahia; e Onyx Lorenzoni (Trabalho e Previdência), no Rio Grande do Sul.

Outros devem concorrer a uma vaga no Senado: Flávia Arruda (Secretaria de Governo), no Distrito Federal; Gilson Machado (Turismo), em Pernambuco; Tereza Cristina (Agricultura), em Mato Grosso do Sul, além de Fábio Faria (Comunicações) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional). Os dois últimos travam uma disputa interna no governo para ficar com o posto de candidato a senador de Bolsonaro no Rio Grande do Norte, mas o presidente disse que não quer interferir.

O ministro da Justiça, Anderson Torres, é pré-candidato a deputado federal pelo Distrito Federal. Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) e Marcelo Queiroga (Saúde) ainda avaliam se vão entrar na disputa.

Como O GLOBO mostrou no mês passado, a discussão sobre quem herdará a principal cadeira de algumas das pastas mais importantes da Esplanada começou desde os primeiros dias do ano. Ministros trabalham para emplacar nomes de sua confiança, geralmente membros da própria equipe, para manter a influência em suas áreas de atuação. E partidos políticos que integram o arco de aliança de Bolsonaro querem aproveitar a oportunidade para aumentar seu espaço no Executivo.