O GLOBO, n 32.323, 04/02/2022. Política, p. 8

Fusão entre DEM e PSL deve ter aval judicial na semana que vem

André de Souza e Mariana Muniz


Caso o pedido seja aprovado, União Brasil terá a maior bancada na Câmara

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) marcou para a sessão da próxima terça-feira o julgamento do pedido de fusão de DEM e PSL, para formar o União Brasil. O relator do processo na Corte é o ministro Edson Fachin.

Caso o pedido seja aprovado, o União Brasil será o partido com maior bancada na Câmara. Também terá a maior fatia dos fundos partidário e eleitoral e do tempo de propaganda eleitoral na TV e rádio, o que faz a legenda ser cortejada por alguns presidenciáveis.

O ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro, por exemplo, pode trocar o Podemos pelo União Brasil. A mudança está sendo negociada com a presidente da sigla do ex-juiz da Lava-Jato, a deputada Renata Abreu (SP), que tem visto correligionários de diferentes estados pularem para os palanques dos dois principais adversários de Moro: o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

No entanto, a possível migração de Moro para a nova sigla ainda não encontra unanimidade. Uma ala do PSL e outra do DEM, pilares do União Brasil, são contra a chegada do ex-ministro. Do outro lado da mesa de negociação também há entraves. Membros da cúpula do Podemos apresentam resistência ao plano de mudança. Reservadamente, lembram que Moro acabou de se filiar e que, se ele aceitar a troca, tende a se queimar com boa parte dos quadros da sigla, que atrelam seus projetos políticos eleitorais ao do ex-magistrado.

O presidente Jair Bolsonaro, que vai tentar a reeleição, também tenta uma aproximação com o partido resultante da fusão, podendo abrir mão de candidaturas de bolsonaristas nos estados em prol de integrantes da nova sigla. A estratégia neutralizaria o namoro de Moro com o União Brasil.

Moro aparece com mais força do que Bolsonaro entre os integrantes do União. Pesa ainda o fato de o atual presidente da República ter uma relação ruim com Luciano Bivar, presidente da sigla, que tem se empenhado em trazer Moro à legenda.

As executivas do DEM e do PSL aprovaram em outubro do ano passado a fusão para a criação do partido União Brasil. Oficializado, o partido nasce com a previsão de ter pelo menos 12 nomes nas disputas estaduais. Na época da aprovação da fusão, caciques de ambos os partidos calcularam que a nova sigla pode chegar a 83 deputados, oito senadores e quatro governadores.

BAIXA DE BOLSONARISTAS

Mas, apesar do número elevado, a legenda também sofrerá baixas de parlamentares, sobretudo entre os mais alinhados ao presidente Bolsonaro.

Na divisão dos cargos de direção, a presidência do partido ficou com Luciano Bivar (PSL) e a secretária geral com ACM Neto (DEM). A tesouraria foi entregue para a advogada Maria Emília Rueda, que é irmã de Antônio Rueda, braço direito do Bivar.