O GLOBO, n 32.323, 04/02/2022. Mundo, p. 18

OMS: Europa está entrando em ‘longo período de tranquilidade’



Dois anos após a eclosão da pandemia de Covid-19, a Europa poderá entrar em breve em um “longo período de tranquilidade” devido aos altos índices de vacinação, à natureza mais branda da variante Ômicron e ao fim do inverno no Hemisfério Norte, disse a Organização Mundial da Saúde(OMS) ontem.

— Este período de maior proteção deve ser visto como um cessar-fogo que pode nos trazer uma paz duradoura — disse o diretor da OMS na Europa, Hans Kluge, a repórteres. —Este contexto, que até agora não vivemos nesta pandemia, deixa-nos a possibilidade de um longo período de tranquilidade.

CONTÁGIOS SUBINDO

A Europa também estaria numa situação favorável para evitar qualquer ressurgimento desenfreado da transmissão, “mesmo em caso de uma variante mais virulenta” do que a Ômicron, acrescentou.

— Acredito que é possível responder a novas variantes que inevitavelmente surgirão, sem restaurar o tipo de medidas disruptivas de que precisávamos antes —disse Kluge.

No entanto, ele alertou que o cenário otimista só se confirmaria se os países continuassem suas campanhas de vacinação e intensificassem a vigilância para detectar novas variantes. Ele também pediu às autoridades de saúde que protejam os grupos de risco e promovam a responsabilidade individual.

A mensagem de otimismo acontece em um momento em que as infecções estão em alta na região europeia da OMS, que compreende 53 países, incluindo alguns na Ásia Central. Cerca de 12 milhões de novos casos foram registrados na semana passada na região, o nível mais alto desde o início da pandemia, de acordo com dados da OMS.

Mesmo assim, vários países, em especial na Europa Ocidental, anunciaram a suspensão das restrições, alegando que a combinação entre alta vacinação e a menor agressividade da Ômicron significam que o vírus não tem sobrecarregado os seus sistemas de saúde.

A Suécia tornou-se o mais recente país a juntar-se à lista e anunciou ontem que suspenderá as restrições pandêmicas na próxima semana, apesar de ter níveis recordes de infecções. As autoridades alegaram que, por ter um alto percentual da população imunizada com doses de reforço e altos índices de pessoas que já tiveram Covid-19, o país é capaz de manter as taxas de hospitalização administráveis.

—Olhando para o futuro, os índices de infecção permanecerão altos por mais algum tempo, mas até onde podemos julgar, as piores consequências do contágio já ficaram para trás —disse a premier sueca, Magdalena Andersson, em entrevista coletiva.

RESTRIÇÕES CAINDO 

O primeiro país da União Europeia a eliminar as restrições foi a Dinamarca, onde 83% da população já se vacinaram. Na terça-feira, o país acabou com a maioria das restrições pandêmicas alegando que a Covid-19 deixará de ser “uma doença socialmente crítica”. A premier Mette Frederiksen disse que é muito cedo para saber se as restrições de vírus precisam volta

Na semana passada, a Inglaterra suspendeu quase todas as restrições internas. A Irlanda deixou de lado a maioria de suas restrições, e a Holanda também as está reduzindo. A França também começou a suspender as restrições na quarta-feira, incluindo o uso obrigatório de máscaras ao ar livre.