O GLOBO, n 32.323, 04/02/2022.Política, p. 6

Grupo de Paes põe “tapete vermelho'' para Molon no Rio

Gabriel Sabóia


Convite para ir ao PSD feito por Pedro Paulo alimenta divergência interna no PSB, onde deputado não tem vaga ao Senado garantida na chapa de Freixo

Um dos principais aliados do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), o secretário municipal de Fazenda, Pedro Paulo, afirmou que o deputado federal Alessandro Molon (PSB) “seria recebido com tapete vermelho” no PSD, caso quisesse se candidatar ao Senado pelo partido.

Apesar de garantir que um convite formal para a migração não foi feito, Pedro Paulo afirma que Molon ouviu que seria bem recebido na sigla:

— Deixamos claro que ele (Molon) tem tapete vermelho por aqui. O PSB terá que fazer escolhas, e quem for preterido (Freixo ou Molon) terá que fazer escolhas também, poderá decidir se ficará no partido ou não. No PSD, posso garantir que acreditamos no nome do Molon, na importância desta candidatura pela sua história parlamentar.

Pré-candidato ao cargo pelo PSB, Molon pode encontrar em Marcelo Freixo, seu correligionário, um obstáculo para a candidatura, já que caso Freixo encabece a chapa apoiada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao governo, a vaga ao Senado deve ser destinada a um petista —hoje, André Ceciliano se coloca como o nome de Lula ao posto. Na última terça, Paes e Molon se reuniram e, após o encontro, o prefeito fez uma publicação acenando com um possível apoio ao deputado federal.

Procurado, Molon refutou a possibilidade de deixar o PSB e disse que aposta em um “projeto de construção para o estado e para o país” — o que pode significar, inclusive, a retirada da sua candidatura ao Senado.

— Sou presidente regional e eleito pelo PSB. Se me candidatar, será pelo PSB. A construção da mais ampla frente democrática se faz imprescindível para derrotar o bolsonarismo onde ele nasceu: no estado do Rio de Janeiro —afirmou.

No encontro com Molon, Paes indicou que o nome de Freixo para o governo do Rio é um obstáculo para selar o apoio. “Sabemos da necessidade de construção de alianças e vemos com muita simpatia a candidatura do próprio Molon ao Senado.

PSD e PSB têm um histórico de aproximação em vários Estados da Federação e entendemos que ele pode se repetir aqui no Rio”, postou o prefeito após o encontro com o parlamentar.

Poucas horas depois, Paes e o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, oficializaram a aliança entre pedetistas e social-democratas para o governo do estado. O encontro, na sede da Prefeitura do Rio, selou a união entre os pré-candidatos de ambos os partidos — o exprefeito de Niterói Rodrigo Neves(PDT)eoex-presidente da OAB Felipe Santa Cruz —, embora ainda não haja definição sobre quem vai encabeçar a futura chapa.