Correio Braziliense, n. 22656, 01/04/2025. Política, p. 2

Lula e STF: lembrar para que não se repita
Victor Correia
Luana Patriolino


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Supremo Tribunal Federal (STF) destacaram, ontem, os 61 anos do golpe de 1964 que levou o país à ditadura militar.

“Hoje é dia de lembrarmos da importância da democracia, dos direitos humanos e da soberania do povo para escolher nas urnas seus líderes e traçar o seu futuro. E de seguirmos fortes e unidos em sua defesa contra as ameaças autoritárias que, infelizmente, ainda insistem em sobreviver”, escreveu Lula no X.

Ele argumentou que não existe possibilidade fora da democracia para que o Brasil seja mais justo e menos desigual. “Há 40 anos, vivemos em um regime democrático e de liberdades, que se tornou ainda mais forte e vivo com a Constituição Federal de 1988. Esta é uma trajetória que, tenho certeza, continuaremos seguindo. Sem nunca retroceder”, acrescentou.

O STF também publicou mensagem a respeito do golpe. Segundo a Corte, a data deve ser lembrada para que “nunca mais se repita”. “Há 61 anos, direitos fundamentais foram comprometidos no Brasil: era o início da ditadura militar, que perdurou por 21 anos. A redemocratização veio com participação popular e uma Assembleia Constituinte, que elaborou a Constituição Federal de 1988 — a Lei Maior, que restabeleceu garantias, o direito ao voto, a separação dos Poderes, princípios e diretrizes para reger o Estado Democrático de Direito”, destacou.

O post foi publicado nas redes sociais do tribunal. A Corte ressalta a importância de falar sobre a data. “Lembrar para que nunca mais se repita. Hoje e sempre, celebre a democracia e a Constituição Cidadã”. A postagem celebra a democracia como “sempre o melhor caminho”.

Gilmar Mendes

Decano do STF, o ministro Gilmar Mendes também rememorou o dia e mencionou a própria trajetória. À época, ele era estudante de direito. “Fui aluno da UnB durante a ditadura. Vi a universidade ser invadida por militares e os direitos fundamentais serem comprometidos. Hoje, 31/3, devemos rememorar o golpe militar para que a violência dos anos de chumbo jamais seja esquecida. Ditadura nunca mais”, escreveu.

“Dia 31 de março de 1964 marcou o início do regime militar, que mergulhou o país em duas décadas de ditadura violenta e autoritária, com consequências graves para todos. É fundamental lembrar sempre, para que nunca se repita”, enfatizou.

Ministros de Estado ressaltaram o período ditatorial e fizeram menção à tentativa de golpe de Estado que será julgada pelo STF, orquestrada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, segundo denúncia da Procuradoria-Geral da República.

“É importante recordar esse período nos dias de hoje, em que estão sendo levados a julgamento os comandantes de uma nova tentativa de golpe, incluindo um ex-presidente da República tornado réu”, escreveu a titular da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Gleisi Hoffmann.

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, também se manifestou. “O golpe militar aconteceu há 61 anos, mas hoje ainda precisamos lutar firmemente em defesa da democracia, contra o extremismo e pela justiça. Ditadura nunca mais. Democracia sempre. Sem anistia”, frisou.