Correio Braziliense, n. 22658, 03/04/2025. Política, p. 3

Relator pede cassação de Glauber Braga


Em sessão tumultuada na Comissão de Ética da Câmara, o deputado Paulo Magalhães (PSD -BA) apresentou relatório favorável à cassação do mandato do deputado Glauber Braga (PSol -RJ). O processo, que dura quase um ano, começou depois que o parlamentar expulsou da Câmara, aos empurrões e chutes, o militante do Movimento Brasil Livre (MBL) Gabriel Costenaro.

A confusão ocorreu em abril de 2024 em um ponto movimentado da Câmara. Durante uma discussão, ambos trocaram ofensas e acusações. Glauber, então, empurrou Costenaro até a saída e lhe desferiu chutes. Os dois foram conduzidos ao Departamento de Polícia Legislativa.

Segundo deputados do PSol ouvidos pelo Correio, a recomendação de perda de mandato pegou a bancada de surpresa.

O que se esperava era que, com a troca no comando da Câmara, o relator recomendasse apenas uma suspensão do mandato.

Na sessão, os deputados também fizeram comparações com o caso de Chiquinho Brazão, apontado como um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSol-RJ), que já teve sua cassação aprovada pela comissão, mas segue com mandato.

“Por mais que o o deputado Glauber argumente que repeliu uma injusta agressão, percebe-se nitidamente que ele não agiu de forma moderada, uma vez que Gabriel Costenaro não o agrediu fisicamente em nenhum momento e sequer reagiu às agressões praticadas pelo representado”, afirmou o relator. Magalhães também disse ter sido ofendido pelo deputado, já com o processo em andamento, assim como o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL).

Ao apresentar sua defesa, Glauber dobrou a aposta. Reiterou as críticas a Magalhães e voltou a chamar Lira de “bandido”. “Quem escreveu o seu relatório foi Arthur Lira”, disse Glauber, sem apresentar provas. O deputado se defendeu dos apontamentos feitos pelo relator e disse que o militante do MBL tinha histórico de perseguição contra ele e contra colegas.

Também afirmou que, na ocasião, Costenaro ofendeu sua mãe.

Após pedido de vista, a comissão só retomará o caso na próxima semana. Se o parecer for aprovado, o tema vai a plenário.

Para que a cassação seja avalizada, são necessários os votos favoráveis de 257 de 513 deputados.

O Correio procurou Lira para comentar o assunto, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição. (IM)  

Frase

“A defesa da honra da minha mãe era para mim uma obrigação de vida. (…) Eu não sei como é que minha cabeça ficaria se eu não tivesse, naquele momento, feito a defesa da honra dela e me acovardado. Minha mãe, que veio a falecer no mês seguinte”

Glauber Braga (PSol RJ), deputado