O Estado de S. Paulo, n. 48067, 25/05/2025. Economia & Negócios, p. B5
‘Servidor não é vilão’, diz coordenador de GT
Pepita Ortega
O coordenador do grupo de trabalho da reforma administrativa na Câmara dos Deputados, Pedro Paulo (PSD-RJ), não quer pensar a mudança na máquina pública sob a lógica de reduzir direitos de servidores e usá-la como uma alavanca de ajuste fiscal.
“Se partir dessas premissas, você já errou”, indicou o parlamentar ao Estadão/Broadcast. O grupo terá até o dia 7 de julho para desenvolver uma proposta para gerar maior eficiência do Estado e pode ter sua primeira reunião na terça-feira.
Debate Pedro Paulo diz que ponto de partida da reforma é 'como entregar melhor serviços à população'
Para Pedro Paulo, um dos fracassos de outras discussões sobre a reforma administrativa está ligado justamente ao fato de focarem em “reduzir direitos”, tomando o quadro dos servidores como uma “máquina ineficiente”.
A proposta do grupo deve ser “inverter a lógica” do que foi tentado em outras reformas administrativas, sair de uma discussão da “burocracia para a burocracia” e “melhorar a entrega para o cliente” – no caso, a população.
“O grupo não vai caminhar nessa linha, de acabar com a estabilidade do servidor. O servidor não é vilão, é agente de transformação”, disse. O parlamentar enfatizou que tampouco o objetivo da reforma seja reduzir a folha, ainda que possa haver efeitos em tal sentido. “O objetivo é pensar na melhora da eficiência da máquina, seguindo uma racionalização, para não repetir o erro de outras tentativas”.
O deputado indicou que o grupo de trabalho ainda tem uma série de decisões a tomar, logo no início dos trabalhos, mas o ponto de partida deve ser o debate de “como entregar melhor serviços para a população”. “A gente não definiu se vai ser só serviço público federal, por exemplo. A gente pode ambicionar efeitos para Estados e municípios”, ponderou.
Na visão de Pedro Paulo, “escrever o texto” da proposta que vai ser apresentada ao final das discussões do grupo é a “parte mais simples”. “Há muitas propostas boas já experimentadas. O desafio maior é convergir ideias, as diferentes visões sobre eficiência no serviço público”, explica.
Também há a possibilidade de o grupo tratar dos supersalários, o que poderia reverter em um ganho político maior para o presidente da Câmara, caso a proposta vingasse. •