Correio Braziliense, n. 22660, 05/04/2025. Política, p. 2
Uma vida de luta pela preservação ambiental
Indígena mais respeitado do Brasil, Raoni lidera os kayapó, povo que habita principalmente uma reserva na floresta amazônica.
Ele ficou conhecido internacionalmente por denunciar perante as autoridades mais poderosas do mundo as ameaças sofridas pelos povos indígenas por ações do homem branco, como o desmatamento e o garimpo ilegal.
Raoni Já teve encontros com presidentes e papas. Nos anos 1980, rodou o mundo com o cantor inglês Sting, apelando pela preservação ambiental.
Há pouco mais de um ano, em visita ao Brasil, o presidente da França, Emmanuel Macron, concedeu a Raoni a Ordem Nacional da Legião de Honra. É a maior honraria francesa outorgada a seus cidadãos e a estrangeiros que se destacam por atividades no cenário global.
Nesta semana, a atriz americana Angelina Jolie, conhecida por trabalhos humanitários e de conservação ambiental, visitou a aldeia indígena Piaraçu, localizada na Terra Indígena CapotoJarina, em São José do Xingu, Mato Grosso, e se encontrou com Raoni.
COP30
Nascido em data desconhecida, estima-se que Raoni — várias vezes mencionado como possível ganhador do prêmio Nobel da Paz — tenha por volta de 90 anos. Ele estava entre os representantes do povo brasileiro que subiram a rampa do Palácio do Planalto com o presidente Lula, em 2023. Às portas da cúpula climática da ONU, a COP30, que será realizada em novembro em Belém, Raoni cobra de Lula a promessa de avançar na demarcação das terras indígenas, destinada a assegurar a sobrevivência dos povos considerados chave para salvaguardar a maior floresta tropical do planeta. E que desista de explorar petróleo na Margem Equatorial.
Em entrevista recente à AFP, o líder indígena comentou sobre a mensagem que levará aos líderes da COP30. “Teremos a oportunidade de nos reunirmos com vários chefes de Estado em busca de um acordo e um documento para combater as mudanças climáticas.
Vou falar com eles para que busquem evitar um problema maior no futuro. Nosso criador nos observa”, frisou. “Tem pessoas que pensam em destruir a natureza, rios. Como seres humanos, temos uma origem única e devemos viver em harmonia, proteger a natureza para o bem viver de indígenas e não indígenas.”