O GLOBO, n 32.328, 09/02/2022. Economia, p. 12

Pre­si­dente da Petro­bras defende aper­fei­çoar PEC da Câmara

Manoel Ventura


Silva e Luna se reúne com deputado que assina texto de redução de impostos

O presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, afirmou ao GLOBO que a proposta de emenda à Constituição (PEC) dos Combustíveis é positiva, mas precisa de aperfeiçoamentos.

O texto em tramitação na Câmara dos Deputados permite a redução dos impostos federais e estaduais sobre os combustíveis, incluindo a gasolina, e o gás.

— Entendo que sim (que a PEC é positiva) — disse Silva e Luna. — (A PEC) Precisa de aperfeiçoamentos que, certamente, o Congresso irá fazer. Melhor seria se fosse destinada à parcela da sociedade mais carente, como o vale-gás.

Ele se reuniu na segunda-feira com o deputado Christino Aureo (PP-RJ), que apresentou a PEC. O texto foi escrito na Casa Civil da Presidência da República, com aval do presidente Jair Bolsonaro.

A equipe econômica estima um impacto de R$ 54 bilhões para os cofres do governo federal com o texto, que permite zerar os impostos sem compensação. Os impostos federais equivalem a R$ 0,69 do litro da gasolina e a R$ 0,33 do litro do diesel.

A proposta foi desenhada diante da preocupação do governo com o aumento do preço dos combustíveis, que tem afetado a inflação em ano eleitoral. Ao permitir a redução dos impostos, a PEC também reduz a pressão sobre a política de preços da Petrobras.

A estatal vincula o preço dos combustíveis à cotação do barril de petróleo no mercado internacional. E os preços do petróleo não param de subir. Em 2021, a alta foi de mais de 60%.

Só em janeiro deste ano, o barril de óleo cru subiu mais de 15%, com o preço superando US$ 90 pela primeira vez em mais de sete anos.

— A oferta de petróleo e derivados ainda continua muito inferior à demanda no mundo inteiro. E há fatores geopolíticos interferindo nessa complexa equação —disse Silva e Luna.

Os temores de uma invasão da Ucrânia pela Rússia cresceram e estão entre os motivos da alta do petróleo. Os preços do Brent devem atingir os US$ 100 por barril no terceiro trimestre de 2022, segundo analistas do Goldman Sachs.

Em relatório, o banco afirma que a alta deve continuar até o primeiro trimestre de 2023, quando o barril deverá registrar a máxima de US$ 105.