Correio Braziliense, n. 22670, 15/04/2025. Brasil, p. 5

Brechas na lei exploradas por gangues



Para a deputada, o objetivo da CPI será identificar as vulnerabilidades nas plataformas e investigar como essas brechas estão sendo exploradas por criminosos. A parlamentar deixou claro que o colegiado pretende "investigar grupos e indivíduos que atuam no aliciamento e na realização de atos violentos e na promoção da violência e do ódio no meio da infância e adolescência. Ao mesmo tempo que identifica esses grupos e esses indivíduos, analisa-se como as redes sociais podem ser protegidas".

Rosário argumenta que o combate à violência digital contra crianças e adolescentes deve ser tratado como prioridade nacional. "A sociedade, os pais, as famílias, as escolas, todas as instituições devem cumprir o seu papel na proteção. Não diria a palavra omissão, mas diria que, até o momento, não nos estivemos atentos à gravidade da responsabilidade que temos", salientou, para complementar.

"Tive acesso a diversas pesquisas publicadas sobre o tema e essas pesquisas indicam que não apenas indivíduos, mas organizações atuam no sentido do aliciamento para a violência e a formação de uma cultura que naturaliza a prática da violência, por exemplo, contra meninas, contra mulheres, contra as escolas".

A expectativa da deputada é alcançar o número necessário de assinaturas para viabilizar a instalação da CPI ainda neste semestre. Quem também se manifestou foi o advogado-geral da União, Jorge Messias. Em publicação no X (antigo Twitter), ele destacou que "as circunstâncias da morte da criança Sarah merecem rigorosa apuração e convocam novamente a refletir sobre a necessidade de um marco normativo eficiente para as redes sociais". Ele observou, ainda, que "a catástrofe remarca a essencialidade de termos ferramentas regulatórias para prevenir e responsabilizar, de forma efetiva, os divulgadores de conteúdos falsos/maliciosos nas redes sociais, bem como as big techs, quando essas se omitem apenas para transformar desinformação em lucro. Essa agenda não é apenas do governo, é uma pauta que interessa às famílias brasileiras".

Sarah foi levada ao Hospital Regional de Ceilândia (HRC) após sofrer uma parada cardiorrespiratória. Os médicos tentaram reanimá-la por cerca de uma hora, mas sem sucesso. A morte cerebral foi constatada no mesmo dia, e o óbito foi declarado oficialmente três dias depois. O corpo de Sarah foi sepultado ontem.