O GLOBO, n 32.329, 10/02/2022. Política, p. 7

Liberação dos jogos avança na Câmara

Julia Lindner


Lira articula levar projeto a voto; Bolsonaro é contra

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o líder do governo na Casa, Ricardo Barros (PP-PR), passaram os últimos dias trabalhando ativamente em busca de um acordo para votar na semana que vem o projeto que libera os jogos no país. Na última terça-feira, em reunião com o relator da proposta, deputado Felipe Carreras (PSB-PE), Lira reafirmou o compromisso de levar o projeto ao plenário até o fim deste mês. A matéria será tema da reunião de líderes partidários, e pode receber sugestões de alteração ao texto.

Nem mesmo o posicionamento do presidente Jair Bolsonaro, que já declarou publicamente ser contra e que vetará o projeto se for aprovado, desestimulou as articulações dos caciques do Centrão. Questionado, Ricardo Barros foi objetivo a respeito da divergência.

— Dá para votar na semana que vem. Esse não é um projeto do governo, que inclusive já se manifestou contra, mas do Congresso —afirmou.

Arthur Lira tem procurado lideranças para avaliar se há clima para a deliberação ocorrer nos próximos dias. A ideia é aproveitar enquanto as sessões ainda ocorrem em sistema remoto, o que facilitaria a aprovação por usualmente garantir um quórum maior.

A principal resistência à proposta vem da bancada evangélica, razão pela qual Bolsonaro está convencido a vetá-la, já que os religiosos integram sua base mais fiel.

A avaliação de membros do Centrão é que esse grupo de deputados não apoiará o projeto em nenhuma hipótese, independentemente da data para a qual for pautado. Além disso, o fato de a urgência — instrumento que dá preferência para uma determinada matéria para ser votada — ter sido aprovada com 293 votos favoráveis indica que a bancada evangélica não tem força suficiente para obstruir a votação.