Correio Braziliense, n. 22671, 16/04/2025. Cidades, p. 18
Indígenas e PM entram em confronto
Davi Cruz
Pedras, bombas e facão marcaram a operação de desocupação de terra que terminou em confronto entre indígenas e policiais militares, ontem, na quadra 707 do Setor Noroeste. A retirada foi coordenada pela Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap) e teve o apoio de 90 policiais militares, incluindo o Batalhão de Choque. Três agentes ficaram feridos no conflito.
A Polícia Militar (PMDF) foi acionada para garantir a segurança dos servidores da Terracap. Segundo o major Diogo Aguiar, comandante da operação, havia uma estrutura no local identificada pelos indígenas como “casa de reza”. No entanto, por decisão judicial, a área não foi reconhecida como território de ocupação indígena.
O major relatou que, ao receber a ordem de desocupação, parte dos indígenas reagiu com agressividade e partiu para cima dos policiais, atirando madeiras e pedras. “Em seguida, pedimos a intervenção do Batalhão de Choque, que fez a dispersão deles utilizando bombas de gás lacrimogêneo”, afirmou ao Correio.
Os manifestantes portavam arco e flecha, mas não os utilizaram. Um facão foi apreendido, e três policiais sofreram ferimentos leves. O autor do ataque com a arma branca foi identificado, mas não chegou a ser detido.
Decisão judicial
Em nota, a Terracap informou que a operação cumpre decisão da Justiça Federal, com base em imagens aéreas e laudo de vistoria datado de 26 de março de 2025, que comprovariam a inexistência de ocupações, moradores ou comunidades indígenas.
“Nosso compromisso é dar cumprimento estrito à determinação judicial, assegurando a proteção do patrimônio público e, ao mesmo tempo, garantir o respeito aos direitos das comunidades indígenas nos termos reconhecidos pela Justiça”, afirmou o diretor jurídico Fernando Assis Bontempo.
O Serviço de Limpeza Urbana (SLU) realizou a limpeza e a remoção de estruturas da área, incluindo a “casa de reza”.
No local, o Correio tentou ouvir indígenas que ocupavam a área, mas eles não quiseram falar.