O GLOBO, n 32.331, 12/02/2022. Política, p. 8
Governador do PSB com Moro 'azeda' relação, diz Gleisi
Sérgio Roxo
Renato Casagrande se reunirá com o presidenciável rival do PT. Para presidente petista, encontro torna mais 'difícil' união das siglas
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, acredita que o encontro entre o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), e o ex-juiz Sergio Moro, pré-candidato à Presidência da República pelo Podemos, torna mais difícil as negociações com o PSB para formação de uma federação.
— Achei muito ruim o fato de o Casagrande ter se encontrado com o Moro (o encontro está previsto para acontecer hoje). Você não serve a dois senhores —afirmou Gleisi.
A dirigente considera difícil para os petistas apoiarem Casagrande depois do gesto. Moro condenou o ex-presidente Lula no processo que o fez passar 580 dias preso. A sentença depois foi anulada.
Indagada se a reunião inviabiliza a aliança entre PT e PSB, Gleisi respondeu:
—Não. Mas realmente torna a coisa mais azeda, mais difícil. É uma sinalização política ruim. Estamos falando de um projeto e o PSB está na discussão da federação.
O PSB quer que o PT apoie a reeleição de Casagrande no Espírito Santo. O governador alega que o Podemos faz parte de sua base no estado e que conversará com Moro como também conversou com outros presidenciáveis, como Ciro Gomes (PDT).
Apesar do mal-estar, as negociações para a formação da federação, que inclui PCdoB e PV, devem prosseguir. Uma nova reunião deve acontecer daqui a dez dias. Haverá conversas para tentar chegar a um acordo no Rio Grande do Sul.
O PT quer lançar o deputado estadual Edegar Pretto a governador no estado e o PSB, o ex-deputado Beto Albuquerque.
O PSOL, que não cogita federação, aprovou ontem, em reunião da executiva nacional, a abertura de negociações com o PT e siglas de esquerda para uma aliança eleitoral em torno da candidatura de Lula.
O partido pede que Lula se comprometa com questões programáticas. Os três principais pontos são: revogações das reformas trabalhista e da Previdência e do teto de gastos; medidas para financiara transição energética e defesa de um novo modelo de desenvolvimento da Amazônia; e reforma tributária que inclua impostos para os super-ricos.
Sobre a taxação dos super-ricos, Gleisi afirmou que o PT tem afinidade com a proposta:
— É uma discussão que a gente tem feito no PT. É necessário taxar quem ganha mais.
Lula se mostrou cético sobre taxar grandes fortunas por considerar que os ricos poderiam tirar seu dinheiro do país.