O GLOBO, n 32.333, 14/02/2022. Política, p. 8
Leite diz que fica no PSDB e indica mudança sobre disputa à reeleição
Gustavo Schmitt e Sérgio Roxo
Após ser sondado para concorrer à Presidência pelo PSD, governador afirma que não sairá. Em meio a cenário indefinido no estado, sinaliza que pode descumprir promessa e tentar novo mandato
Sondado pelo PSD para mudar de partido e disputar a Presidência, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, afirmou que ficará no PSDB e sinalizou publicamente, pela primeira vez, a possibilidade de quebrar o compromisso assumido durante o mandato de não concorrer à reeleição.
O tucano participou, no sábado, de um encontro com militantes do partido — o presidente da sigla, Bruno Araújo, também estava presente. Caso resolva entrar na disputa, ele garantirá um palanque forte no estado, o quinto com mais eleitores, para o presidenciável da legenda, João Doria.
Como o GLOBO mostrou, o PSDB vem enfrentando dificuldades para formar estruturas regionais que recebam o governador de São Paulo durante a campanha.
— Tenho essa convicção (contra a reeleição). Mas também tenho a convicção de que não podemos permitir que o estado se perca — discursou Leite.
A ideia inicial de Leite no estado era lançar o vice-governador, Ranolfo Vieira Júnior, à sua sucessão. O aliado trocou o PTB pelo PSDB no ano passado, mas enfrenta resistência de parte das lideranças tucanas. Uma outra opção discutida no partido é a candidatura da prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas.
Desde que tomou posse, o governador dizia que não disputaria a reeleição e usou esse argumento para angariar apoio a projetos na Assembleia Legislativa do estado. No entanto, tem sido pressionado a mudar de posição para que o PSDB tenha mais chance de manter o controle do estado.
Ainda com dois meses à frente para tomara decisão — o que inclui aguardar uma configuração mais clara do cenário nacional —, Leite evitou confirmar que estará na disputa por mais um mandato no Executivo estadual.
—Não vou me omitir nesse processo eleitoral (no Rio Grande do Sul). Não sei se será como candidato, mas tenho certeza de que vou participar como uma liderança.
Na semana passada, Leite participou de uma reunião em Brasília com as presenças do deputado Aécio Neves (MG), do senador Tasso Jereissati (CE), do senador José Aníbal (SP) e de Pimenta da Veiga, ex ministro do governo Fernando Henrique Cardoso, em que trataram das dificuldades da candidatura de Doria.
“DIREITO DE QUESTIONAR”
No discurso, o governador gaúcho, que foi derrotado nas prévias do PSDB, reafirmou que lideranças do partido têm legitimidade para fazer questionamentos internos.
—A gente respeita as prévias. Houve um vencedor, mas me sinto no direito de fazer questionamentos e de pedir que se apresentem os caminhos do PSDB na eleição — afirmou. —Quero dizer para vocês que não precisam pedir para eu ficar (no partido), porque eu jamais sairei.
Aliados de Doria reagiram ao discurso em Porto Alegre tentando mostrar otimismo com a união do partido.
— Não tenho dúvida de que o PSDB encontrará o caminho de união e convergência. Esse tem sido o pilar da candidatura de João Doria — disse o presidente do PSDB em São Paulo, Marco Vinholi.