O GLOBO, n 32.334, 15/02/2022. Política, p. 7
Moraes dá prazo à PGR sobre ataques do presidente ao TSE
Mariana Muniz
PF concluiu que Bolsonaro gerou desinformação e vazou inquérito sigiloso
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou ontem que a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifeste em 15 dias sobre a conclusão da Polícia Federal (PF) de que o presidente Jair Bolsonaro (PL) teve uma atuação “direta e relevante” para gerar desinformação sobre o sistema eleitoral. O relatório da PF também aponta que Bolsonaro vazou de forma consciente dados sigilosos de uma investigações sobre um ataque hacker ao sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Com a determinação, a PGR terá que dizer se há elementos ou não para denunciar o presidente, se há a necessidade de estender as investigações ou se o caso será arquivado.
Numa transmissão ao vivo pela internet, Bolsonaro lançou descrédito e suspeitas, sem apresentar provas, contra o sistema eleitoral brasileiro. E divulgou dados da investigação que apura os ataques digitais sofridos pelo TSE.
No relatório citado por Moraes, a PF afirmou que Bolsonaro teve uma atuação “direta e relevante” na disseminação de notícias falsas sobre as urnas eletrônicas usadas. A delegada Denisse Ribeiro, que assina o documento, afirmou que “a live presidencial foi realizada com o nítido propósito de desinformar e de levar parcelas da população a erro quanto à lisura do sistema de votação”.
Moraes também autorizou o compartilhamento, com a PF, do conteúdo da apuração contra o presidente sobre a disseminação de notícias falsas contra o processo eleitoral com o inquérito das milícias digitais, de relatoria do ministro. O ministro deu aval para que o conteúdo da petição seja compartilhado com o TSE, que tem um inquérito administrativo aberto sobre a conduta de Bolsonaro em relação a notícias sobre as urnas eletrônicas e as eleições.
“A Polícia Federal realizou diversas diligências e concluiu que os elementos de interesse obtidos durante a investigação corroboram a essência da forma de atuar desse grupo de pessoas, em convergência como modo de agir já apresentado ao Tribunal Superior Eleitoral por ocasião do inquérito administrativo instaurado também em decorrência da promoção da live” , disse o ministro no despacho de ontem.