O Estado de S. Paulo, n. 48096, 23/06/2025. Política, p. A10

PT paulistano vai eleger diretório com foco em nova candidatura de Lula
Zeca Ferreira

 

A menos de um mês para as eleições internas do PT, a disputa pelo comando do Diretório Municipal de São Paulo segue indefinida. A sucessão é acompanhada de perto pela cúpula do partido, já que a nova direção terá a missão de mobilizar a militância na maior cidade do País durante as eleições de 2026, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve buscar a reeleição.

A importância de São Paulo no xadrez eleitoral foi reforçada por José Dirceu, ex-ministro-chefe da Casa Civil durante o primeiro governo petista. Em recente entrevista ao canal GloboNews, Dirceu afirmou que a eleição presidencial do ano que vem será definida em São Paulo, Minas Gerais e Rio.

O primeiro turno do Processo de Eleição Direta (PED) está marcado para 6 de julho, com segundo turno previsto para o dia 20. Os filiados elegerão as próximas direções do partido nos níveis nacional, estadual e municipal. Na capital paulista, seis candidatos disputam a presidência do diretório. Os favoritos são o ex-deputado federal Francisco Chagas e o vereador Hélio Rodrigues.

VANTAGEM. Com 9,3 milhões de eleitores, a cidade São Paulo é o maior colégio eleitoral entre os municípios brasileiros. Em 2022, Lula venceu Jair Bolsonaro por uma margem estreita de 2,1 milhões de votos – 23% deles conquistados na capital paulista. Diante da queda de popularidade do governo, reprovado por 54% dos brasileiros, dirigentes do PT consideram essencial manter a vantagem para garantir um bom desempenho em 2026.

Chagas e Rodrigues apontam a reeleição de Lula como prioridade, embora apresentem estratégias diferentes. Rodrigues defende um retorno às origens do PT, com uma guinada à esquerda. Já Chagas aposta na modernização da comunicação partidária.

“Temos hoje 202 mil filiados em São Paulo, mas ainda não temos um cadastro digital (...) A ideia é criar esse cadastro para termos uma comunicação em tempo real”

Francisco Chagas

Candidato a presidente do PT-SP

“Nós temos hoje 202 mil filiados em São Paulo, mas ainda não temos um cadastro digital completo deles”, disse Chagas ao Estadão. “A ideia é criar esse cadastro para termos uma comunicação em tempo real”, acrescentou.

Chagas também defende que a nova direção atue na organização da oposição ao prefeito Ricardo Nunes (MDB) e ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

ALIANÇAS. O vereador João Ananias retirou sua candidatura e declarou apoio a Hélio Rodrigues. Já o secretário de Políticas Públicas do diretório, Luciano Barbosa, desistiu da disputa em favor de Chagas, que conta ainda com o apoio da família Tatto.

Rodrigues conta com o apoio do presidente estadual do PT, deputado federal Kiko Celeguim. O grupo que o apoia tem sido chamado de “coalizão anti-Tattos”.

“É uma unidade que se formou em torno dos posicionamentos que venho adotando nos últimos dois anos”, disse ao Estadão.

Além de Chagas e Rodrigues, disputam a presidência do diretório do PT em São Paulo Bárbara Corrales, Isaias Dias e Carlos Aquino.