O Estado de S. Paulo, n. 48096, 23/06/2025. Economia & Negócios, p. B5
Aeroportos voltam ao radar para novos investimentos
Elisa Calmon
Apesar de ter menos opções do que outras áreas de infraestrutura, como as de rodovias e portos, o setor de aeroportos vem chamando a atenção do mercado pela oportunidade de negociar ativos que já foram concedidos. São contratos que passam por repactuação, como o do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro (Galeão-Tom Jobim), ou cujo atual dono tem a intenção de sair, a exemplo dos 20 terminais postos à venda pela Motiva (ex-CCR).
Há ainda uma frente secundária para os interessados no setor. O Programa de Investimentos Privados em Aeroportos Regionais (AmpliAR): recém-criado pelo governo federal, tem como meta requalificar ou fazer o equivalente a 100 aeroportos regionais no País nos próximos cinco anos.
A sócia da área de Infraestrutura, Regulação e Assuntos Governamentais do BMA Advogados, Ana Cândida, destaca que no setor de rodovias a série de projetos é grande, com ativos novos e relicitações previstas. “Por outro lado, no setor de aeroportos o mercado é mais restrito. Não existem tantos ativos disponíveis no mercado para investimentos”, afirma.
Com a maior parte dos ativos aeroportuários já concedidos, as oportunidades se concentram, principalmente, na troca de controle no mercado secundário, como no caso dos ativos da Motiva e repactuações de contratos considerados “estressados”. Ana Cândida cita também a disponibilidade de aeroportos regionais, mas ressalta que se tratam de ativos de menor porte e conectividade, o que dificulta aferir a sua atratividade.
PORTFÓLIO. No início de junho, o Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou a repactuação da concessão do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, após anos de disputa judicial. O contrato reformulado será levado a leilão, quando deve ser disputado entre a Changi, atual concessionária, e outras empresas interessadas. A expectativa do Ministério de Portos e Aeroportos é de que o certame ocorra ainda este ano.
Outro processo aguardado pelo mercado, no entanto, sofreu um novo revés recentemente. O TCU apontou que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) perdeu o prazo estabelecido para a relicitação do Aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP). Ainda assim, o processo segue no radar como uma oportunidade de investimento mais adiante.
Enquanto isso, no mercado secundário a Motiva se movimenta para vender os 20 aeroportos regionais que opera hoje, sendo 17 no Brasil e três em outros países da América Latina. O negócio é avaliado entre R$ 10 bilhões e R$ 12 bilhões.
A agenda de oportunidades no setor inclui ainda o AmpliAR, instituído por portaria do Ministério de Portos e Aeroportos, que consiste na incorporação de aeroportos regionais deficitários, individualmente ou em blocos, aos contratos de concessão aeroportuária vigentes, por meio de processo competitivo simplificado.