O GLOBO, n 32.336, 17/02/2022. Política, p. 7
Ex-ministro de Bolsonaro desiste de cargo na Corte eleitoral
André de Souza
Azevedo e Silva seria diretor-geral, mas alegou ‘questões de saúde e familiares’
Ex-ministro da Defesa do governo Bolsonaro, o general Fernando Azevedo e Silva desistiu de ser o novo de diretor-geral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele passaria a ocupar o cargo na próxima gestão da Corte, que tem início no próximo dia 22, quando o ministro Edson Fachin assumirá a presidência do TSE.
Segundo o próprio tribunal, o general comunicou sua decisão a Fachin e ao ministro Alexandre de Moraes, que será o vice-presidente do TSE. Ele alegou “questões pessoais de saúde e familiares”. A Corte informou também que o novo nome para ser diretor-geral deverá ser anunciado até amanhã. Moraes assumirá a presidência do TSE em agosto deste ano e tinha a intenção de manter Azevedo no cargo.
Em 2018, Azevedo e Silva foi assessor do então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli. Lá, fazia uma ponte entre o STF e os militares. Essa passagem pelo tribunal fez com que ele tivesse bom trânsito entre os ministros. Fachin e Moraes são integrantes tanto do STF como do TSE. Naquele mesmo ano, ele foi escolhido pelo então presidente eleito Jair Bolsonaro para ser o ministro da Defesa a partir de 2019.
A relação entre Bolsonaro e Azevedo se desgastou e, em março de 2021, o presidente demitiu seu ministro. Na nota divulgada após sua saída da Defesa, Azevedo disse que tinha “certeza da missão cumprida” e destacou que preservou as Forças Armadas como “instituição de Estado”, numa alfinetada em Bolsonaro pela tentativa de uso político. O presidente insistia em ter os comandos das Forças mais alinhados e o então ministro resistia. Após a saída de Azevedo e Silva, os três comandantes militares entregaram os cargos, na maior crise militar desde a redemocratização.
FUNÇÃO NO TSE
Cabe ao diretor-geral do TSE atuar como administrador do tribunal. A ele respondem as secretarias de Gestão de Pessoas, de Planejamento, Orçamento e Contabilidade, e da Tecnologia da Informação, que entre outras funções é responsável por fiscalizar o funcionamento e a segurança das urnas eletrônicas.
Em transmissão ao vivo em dezembro do ano passado, Azevedo e Silva disse que viu o convite para o cargo como um desafio, e que nunca havia negado uma missão. Na época, afirmou também que ficou lisonjeado com o convite “feito a várias mãos”, o que deu um “sentido de credibilidade” à sua imagem.