O GLOBO, n 32.336, 17/02/2022. Economia, p. 12
Governo prepara pacote de R$ 100 bi para serviços
Fernanda Trisotto e Geralda Doca
Informação foi dada pelo ministro Paulo Guedes & empresários, que apontaram alta da inadimplência e pediram solução para linhas de crédito atreladas à Selic
Em almoço ontem com empresários do setor de serviços, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o governo lançará um pacote de crédito para empresas do setor de R$ 100 bilhões. O ministro relatou que a ideia seria promover uma reorganização dos programas que já existem, lançados durante a pandemia para ajudar as empresas.
O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci, esteve no almoço e disse que Guedes ouviu os apelos dos empresários, que pediram uma solução para as linhas de crédito atreladas à Selic — a taxa básica de juros definida pelo Banco Central e que subiu de 2% ao ano para 10,75%.
A Abrasel vem dizendo que a alta dos juros fez subir a inadimplência dos negócios que tomaram empréstimo via Pronampe, programa voltado para pequenas empresas terem acesso a crédito mais barato durante a pandemia. Nesta semana, a coluna Pense Grande informou que a inadimplência já atinge 20% dos bares e restaurantes que pegaram empréstimo no programa, o equivalente a quase 70 mil empreendimentos. Segundo Solmucci, o pacote deve ser anunciado na semana que vem:
— O presidente lançará um grande programa de crédito, da ordem de R$ 100 bilhões, reorganizando os programas já existentes e com a possibilidade de esticar os prazos. Uma das pautas que a gente levou foi a inadimplência do Pronampe, que está grande por causa da elevação da Selic.
Ainda de acordo com Solmucci, esse novo pacote atenderá de microempreendedores individuais (MEI) a empresas com faturamento anual de até R$ 300 milhões.
— O setor está bastante animado, porque estamos em dificuldade e tem crédito novo —afirmou.
Como parte do pacote, a equipe econômica estuda renovar a vigência dos fundos garantidores de crédito, que foram usados durante a pandemia, para dar fôlego às micro e pequenas empresas. Assim, as empresas poderiam tomar empréstimos com garantia do Tesouro Nacional, com um custo bem mais baixo.
MICROCRÉDITO NO RADAR
Segundo uma fonte a par das discussões, os fundos entrariam cobrindo até 20% das carteiras dos bancos, o que facilita a concessão dos empréstimos, alavancando financiamentos de R$ 100 bilhões para o segmento. Apesar da sinalização de que o anúncio vai ser feito na semana que vem, o pacote pode sair só depois do carnaval, porque está sendo costurado com líderes dos partidos, uma vez que será preciso que o Congresso aprove uma medida provisória (MP).
Em paralelo, a Caixa Econômica Federal e o Ministério do Trabalho e Previdência trabalham na criação de um programa de microcrédito para microempreendedor individual(MEI) e trabalhadores informais. A proposta viria acompanhada de um fundo garantidor de crédito, com recursos do FGTS.
“A inadimplência do Pronampe está grande por causa da elevação da Selic” _ Paulo Solmucci, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes.